Na última quarta-feira assisti ao debate em torno do programa "Grandes Portugueses". Vi com bastante entusiasmo o debate e devo dizer que chegou a altura de colocar o único político, que na minha opinião, foi um grande português. Antes de o divulgar quero aqui referir que o nome de Salazar não irá constar na minha lista! E nem podia deixar de ser, visto que foi um político que durante quarenta anos censurou opiniões e prendeu homens por terem uma opinião diferente.
Apesar de não viver na época contam-me estórias das atrocidades cometidas nesse tempo, e também não posso esquecer a alegria estampada no rosto quando se deu a revolução de Abril. Certamente que felizes os portugueses não viviam para extrapolarem tamanha felicidade com os cravos na mão.
O debate foi intenso e, de facto, os portugueses levam demasiado a sério esta temática. Foi engraçado vislumbrar o entusiasmo com que se debatia, porém não passa de um programa de entretenimento ao qual eu me associei apesar de ainda não ter votado. Não votei e não voto uma vez que a escolha é deveras difícil. Tal como disse a Lídia Jorge este programa serve para nós alcançarmos a mitologia.
O polítcio que penso ser um dos nomeados será o Dr. Francisco Sá Carneiro. Apesar de não ter vivido um único dia como sendo seu "súbdito" pareceu-me, perante relatos históricos, ser um político sério e competente. Seriedade e competência é algo bastante difícil em política e perante a história Sá Carneiro foi um político bastante competente. Podem discordar comigo mas fazendo uma resenha histórica foi o que me saltou mais à vista. Talvez Portugal estivesse melhor ou mesmo pior isso não se sabe, apenas e talvez num outro Universo quântico onde ainda poderá estar vivo.
sexta-feira, outubro 27, 2006
quarta-feira, outubro 25, 2006
Flags of our Fathers
Clint Eastwood está de volta, realizando "Flags of Our Father". Já se sabe o fascínio de Eastwood por áreas como o jazz e a fotografia, e, este filme, tem a arte de captar imagens como mote. A partir de uma das imagens mais emblemáticas da história da fotografia, como também de uma das batalhas mais importantes e decisivas da 2ª Guerra Mundial (Iwo Jima), desenvolve-se a narrativa visual que imortalizará, juntamente com a foto, os cinco marines que ergueram a bandeira dos EUA no Monte Suribachi. Alguns morreram momentos depois…
É importante salientar, e mostrar ao mundo, que a história da América não se resume a GI-Joes idiotas e a presidentes ultra-conservadores com executivos de gente oriunda da indústria bélica ou do petróleo.
Espero poder ir ver este filme, que poderá tornar-se num documento histórico para as futuras gerações, ou, quem sabe, poder ler o livro que inspirou o argumento desta pelicula.
É importante salientar, e mostrar ao mundo, que a história da América não se resume a GI-Joes idiotas e a presidentes ultra-conservadores com executivos de gente oriunda da indústria bélica ou do petróleo.
Espero poder ir ver este filme, que poderá tornar-se num documento histórico para as futuras gerações, ou, quem sabe, poder ler o livro que inspirou o argumento desta pelicula.
terça-feira, outubro 24, 2006
A terceira grande portuguesa
"Camiñando se hace el camiño" já dizia o meu professor de Pedagogia Geral já lá vão muitos anos e aquela frase sempre me ficou no ouvido! (Luís peço-te que descubras quem foi o autor não tenho a certeza mas acho que foi o Espinoza. Corrige-me!)
Bem continuando a nossa caminhada considero ser pertinente divulgar o nome de uma grande portuguesa que, na minha opinião, orgulha-nos a todos.
Para mim Sophia de Mello Breyner Andresen devido à sua grande obra e coragem política no combate ao Estado Novo é uma portuguesa que merece este lugar de destaque.
Não vou aqui estar a divulgar a sua biografia nem a sua obra poética pois basta um clique no google para terem acesso a essa informação! Porém não podia deixar de exprimir um dos poemas que mais gostei aquando dos meus tempos de escola. Foi nos tempos imemoráveis da escola primária que um poema de Sophia de Mello Breyner foi recitado em plena aula. Gostei muito e apesar de não ser muito assíduo às leituras poéticas foi com Sophia que aprendi a gostar ainda mais!
Vou terminar pondo à disponibilidade do leitor um dos grandes poemas...
Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras
domingo, outubro 22, 2006
O pior português
Já agora porque não? O eixo do mal, um programa da sicnotícias, criou um blog para escolher o pior português de todos os tempos!
Fica aqui o endereço: http://piorportugues.blogspot.com/
quinta-feira, outubro 19, 2006
O meu 2º grande português
Quando me refiro a segundo não significa que o primeiro seja mais importante que o terceiro ou que o quinto seja pior que o primeiro. À medida que os for colocando vou, de facto, procedendo à sua ordenação aleatória.
Muitos de nós provavelmente já ouviram falar de Schindler devido ao facto de terem visto o filme de Spielberg "A Lista de Schindler" (Devo acrescentar um dos filnes da minha vida e dificilmente imitável). Acontece que Oscar Schindler salvou centenas de judeus das câmaras de gás nomeadamente de Aushvitz ou de Birkenau (Espero que me corrijam se é assim que se escreve(Obrigado Luís)). Porém também nós temos o privilégio de ter entre nós um português que procedeu do mesmo modo que Schindler, falo claramente de Aristide Sousa Mendes. O nosso cônsul de Paris "carimbou" inúmeros vistos a judeus a fim de lhes salvar a vida. A sétima arte ficou um pouco indiferente, porém, cabe a nós realçar este feito notável.
Aristides Sousa Mendes foi uma personagem marcante de muitas vidas e tal como a Schindler estão profundamente agradecidas!
terça-feira, outubro 17, 2006
As barreiras invisíveis
Sim. Tenho de admitir. Sou bastante egoísta e, tal como muitos seres humanos, só dou valor ao que tenho quando, por alguma ironia do destino, algo me falta. Durante muito tempo temos a ilusão que somos o Super-homem e que não há kriptonite que nos cause dano algum. Essa atitude cambia quando caímos na realidade que não somos de aço, como o Clark Kent, e sim de carne e osso como os demais.
Hoje, em fase de recuperação do meu tornozelo lesionado, tentei ir dar uma volta com as minhas muletas. O percurso não foi grande, uma pequena volta pelo “pueblo”, mas os obstáculos, esses sim, consideráveis. Após esta aventura, cheguei a casa, o meu 2º andar a “pé coxinho”, e pensei naqueles que a sua desvantagem não é passageira, mas sim permanente, nas suas dificuldades e o seu verdadeiro heroísmo quotidiano. É esses que não quero esquecer quando melhorar, é por esses que estou a escrever…
Olhemos ao nosso redor e pensemos que não estamos nas nossas plenas capacidades… imobilizem um pé, uma mão, vendem os olhos, tapem os ouvidos… e depois dêem o devido valor ao facto de não termos nenhum desses “handicaps”…Hoje, em fase de recuperação do meu tornozelo lesionado, tentei ir dar uma volta com as minhas muletas. O percurso não foi grande, uma pequena volta pelo “pueblo”, mas os obstáculos, esses sim, consideráveis. Após esta aventura, cheguei a casa, o meu 2º andar a “pé coxinho”, e pensei naqueles que a sua desvantagem não é passageira, mas sim permanente, nas suas dificuldades e o seu verdadeiro heroísmo quotidiano. É esses que não quero esquecer quando melhorar, é por esses que estou a escrever…
Estas pessoas que lutam por melhores condições de acessibilidade já tinham o meu respeito, agora têm o meu empenho e a força da minha convicção que os posso ajudar (nem que seja com as minhas palavras e experiência).
domingo, outubro 15, 2006
Grandes portugueses
Quem são para nós os grandes portugueses?
Acho que vou gostar muito do novo programa da rtp apesar de vir a apresentadora retornada de terras de sua majestade... À parte disso devíamos todos saber quais são os portugueses com quem mais nos identificamos. Para mim foi difícil escolher os dez! Oportunamente vou publicar a minha lista, ainda estou com algumas dúvidas... escolher dez entre 1001 não é fácil!
Votem também para ver se as opiniões coincidem!
Viva Portugal viva os portugueses!
Vamos então dar início à escolha dos grandes portugueses?
Eu vou começar pelo que parece ser o primeiro grande português: D. Afonso Henriques.
Escolhi o fundador da nação pois parece-me ser lógico por isso mesmo. No entanto o debate encontra-se aberto, podem concordar ou discordar. Não sei se conhecem um livro de freitas do Amaral acerca da biografia de D. Afonso Henriques. Vale a pena a leitura. Se pretenderem posso digitalizar algumas folhas... Seguidamente irei colocar um outro nome. Vão dando sugestões!
A democracia não é só feita de votos mas também de debate! Será porventura Salazar considerado um grande português? Pretende-se confrontar opiniões.
sábado, outubro 14, 2006
Geocaching... Se o Júlio Verne soubesse!
Hoje, após a iniciação teórica por parte de um familiar, descobri a interessante actividade do Geocaching. Já lá vai o tempo das bússolas, dos azimutes e das cartas militares. A nova tecnologia dos GPSs também é uma mais valia neste tipo de "caça ao tesouro" da era moderna... creio que o espírito que está por detrás desta actividade é bastante interessante e fez-me lembrar a camaradagem que se fomentava com as centrais de CB e com o "alfabeto fonético" (não tenho a certeza se lhe podemos chamar fonético, por causa da linguística, mas trata-se do "alpha, beta, charlie, tango, óscar..."). Talvez tenha pouco a ver... mas chegou à minha memória!
Visitem o site...
terça-feira, outubro 10, 2006
Com Lombo ou Colombo?
1492, esse ano marcante para a Ibéria, está quase a ser celebrado. No entanto, a dúvida persiste: Seria Cristóvão Colombo, Cristoforo Colombo, ou Cristobal Cólon?
Remeto-vos para Cuba. Não a Cuba de um Fidel substituído por Raul, mas sim "na" Cuba, Alentejo, perto de Beja... para o site dos "Amigos da Cuba". Quem sabe não fiquemos mais esclarecidos, ou então, que Colombo era um ovo chinês trazido pelo primeiro preconizador das "lojas da China", Marco Polo? Ou Marco Paulo?
http://amigosdacuba.no.sapo.pt/paginas/p14-cristovaocolombo.htm
"Apeteceu-me partilhar este texto que me foi enviado! Sejam bem-vindos à realidade do que é ser professor em Portugal...
O importante é chegar a professora titular. Foi com este pensamento que tracei a rigor o meu destino, há tantos anos atrás. Filhos, tê-los-ei aos quarenta, antes nem pensar pois quatro meses de licença de maternidade lançar-me-iam irremediavelmente no nível Regular impedindo-me a tão desejada progressão na carreira.
E assim foi. Tudo me correu lindamente até ao décimo sétimo ano de leccionação. E ao longo desses anos aprendi a agradar a todos, aos alunos, aos pais e ao executivo da escola. Porque chegar a professora titular implicava uma escolha entre outros muitos candidatos, a quem tudo tinha corrido igualmente bem. Cheguei, inclusivamente, a ter alunos que passavam o fim-de-semana comigo e com a minha família. E eu até lhes passava as t-shirts a ferro e fazia trancinhas no cabelo das meninas. E um dia a televisão bateu-me à porta para fazer uma reportagem, assim inesperadamente. Era eu de avental a servir-lhes a sopinha, a dar-lhes conselhos e a fazer-lhes festinhas na cabeça. E o jornalista até me perguntou se também lhes cantava canções de embalar e eu disse-lhe logo que sim, que até lhes lia os "Versos de fazer ó-ó" do José Jorge Letria e que depois de adormecerem aproveitava para lhes ir lendo o "Memorial do Convento". E expliquei-lhes que a leitura durante o sono era um método totalmente inovador em que tudo se apreende de forma suave e que assim não havia o trauma de o livro ser grande ou de os jovens não perceberem as palavras e terem de ir ao dicionário, que isso dá muito>>>>
trabalho, coitadinhos!
Tudo me corria às mil maravilhas até ao dia em que uma apendicite aguda me levou à cirurgia. Oh, maldita apendicite! E voltei à escola ainda com os pontos fresquinhos, a pensar que só tinha dado cinco faltas. Mas enganara-me nas contas com a história da anestesia. Afinal eram seis as faltas, seis! E já não teria Bom na avaliação, somente um Regular. E já não passaria a professora titular. Foram mais seis anos de espera.
Deixa, aos quarenta e seis ainda vou a tempo de ser mãe. É uma gravidez de risco mas isso que tem, se há já quem tenha os filhos aos cinquenta, aos sessenta e qualquer dia aos cem! Mas aos quarenta e cinco foi a hérnia discal. Oh, maldita hérnia discal! Ainda pensei em ir de cadeira de rodas ou se necessário fosse, de maca, mas o médico chamou-me louca e reteve-me dez longos
dias no hospital.E foi assim que somente aos cinquenta e dois cheguei a professora titular. Era tarde demais para ser mãe. Mas, meu Deus! Eu era professora titular! Fiquei tão radiante que até me lembrei de bordar em todos os lençóis de renda, em arabescos graciosos, "professora titular", "professora titular" e em toalhas e em quadros de ponto cruz, "professora titular", "professora titular" e depois mandei gravar em todas as minhas canetas e no estojo dos lápis, "professora titular", "professora titular" e na porta do meu carro e no guarda-chuva e no guarda-sol porque, faça sol ou faça chuva, eu sou professora titular! Agora que sou professora titular tenho, além das aulas, muitos e variados cargos que me dão tanto que fazer. Mas ainda vou arranjando um tempinho para ir aconselhando os novos e vou-lhes ensinando como se chega a titular e como é importante ir ao médico todas as semanas e levar todas as vacinas possíveis e imagináveis e como é totalmente recomendável andar com um triplo airbag no carro. E digo-lhes e repito-lhes: " professor prevenido vale por dois". Mas apesar de todos os meus conselhos e avisos ainda há os que, desprezando-os, se vêem de repente em maus lençóis.
Foi o caso de um brilhante ex-aluno meu, brilhante universitário, brilhante estagiário, brilhante professor que tendo passado com distinção o Exame de Estado e tendo obtido aprovação na entrevista, não conteve os seus impulsos mais genuínos e românticos durante o ano probatório, fruto da sua juventude e inexperiência e não se cansou de defender o indefensável, a exigência, o rigor, a disciplina, criticando com excessivo entusiasmo o facilitismo reinante e não se cansou de duvidar e de contestar.
E eu que lhe dizia: " Meu filho, tem tento na língua, como queres tu chegar a professor titular? Vá aprende comigo e diz "Ámen"! "Ámen"!
Mas ele que não me ouviu. E deu-se o caso, vá lá saber-se porquê, deo jovem brilhante professor obter, no final do ano probatório, a infeliz classificação de 6.8 quando precisava apenas de 6.9 para integrar o quadro. E foi assim exonerado da profissão.
E teve de arranjar logo umas tabuinhas para se ir juntar aos outros muitos professores, desempregados e exonerados, lá debaixo da ponte Vasco da Gama porque ele me dizia que preferia a terra firme, senão tinha arranjado um botezinho como os outros fazem.
E certa manhã ajudei-o a levar as tabuinhas e a construir a cabaninha debaixo da ponte.
Era um dia brilhante, de cores perfeitas, em que o sol resplandecia sobre o rio azul e o sapal era verde marinho e gracioso, salpicado de aves pernaltas. Mas lá estavam as centenas de cabaninhas e os milhares de botes pacientemente amontoados. E ali tudo era cinzento e triste.
E foi nesse momento que caí em mim e vi a injustiça daquilo tudo. A minha luta para chegar a professora titular parecia-me agora absolutamente vazia e sem sentido.Eu deveria ter lutado sim mas contra o "novo" estatuto da carreira docente de 2006!!
Por isso, como era urgente recuperar o atraso de trinta anos, transformei-me em gigante Adamastor e peguei nos milhares de professores e respectivas famílias que viviam nos botezinhos e nas cabaninhas e levei-os para o Ministério da Educação.
Todo o edifício estremeceu à nossa chegada porque nós trazíamos uma tempestade de mil dias.
Mas o "novo" estatuto depressa sucumbiu, de medo e de vergonha, porque muitas tinham sido as injustiças que criara. Adeus "novo" estatuto! Vai e não voltes nunca mais porque nós queremos mudança mas não queremos injustiça!"
Cristina Neves
Façam os vossos comentários... eu já fiz o meu: "Puta de vida!"
O importante é chegar a professora titular. Foi com este pensamento que tracei a rigor o meu destino, há tantos anos atrás. Filhos, tê-los-ei aos quarenta, antes nem pensar pois quatro meses de licença de maternidade lançar-me-iam irremediavelmente no nível Regular impedindo-me a tão desejada progressão na carreira.
E assim foi. Tudo me correu lindamente até ao décimo sétimo ano de leccionação. E ao longo desses anos aprendi a agradar a todos, aos alunos, aos pais e ao executivo da escola. Porque chegar a professora titular implicava uma escolha entre outros muitos candidatos, a quem tudo tinha corrido igualmente bem. Cheguei, inclusivamente, a ter alunos que passavam o fim-de-semana comigo e com a minha família. E eu até lhes passava as t-shirts a ferro e fazia trancinhas no cabelo das meninas. E um dia a televisão bateu-me à porta para fazer uma reportagem, assim inesperadamente. Era eu de avental a servir-lhes a sopinha, a dar-lhes conselhos e a fazer-lhes festinhas na cabeça. E o jornalista até me perguntou se também lhes cantava canções de embalar e eu disse-lhe logo que sim, que até lhes lia os "Versos de fazer ó-ó" do José Jorge Letria e que depois de adormecerem aproveitava para lhes ir lendo o "Memorial do Convento". E expliquei-lhes que a leitura durante o sono era um método totalmente inovador em que tudo se apreende de forma suave e que assim não havia o trauma de o livro ser grande ou de os jovens não perceberem as palavras e terem de ir ao dicionário, que isso dá muito>>>>
trabalho, coitadinhos!
Tudo me corria às mil maravilhas até ao dia em que uma apendicite aguda me levou à cirurgia. Oh, maldita apendicite! E voltei à escola ainda com os pontos fresquinhos, a pensar que só tinha dado cinco faltas. Mas enganara-me nas contas com a história da anestesia. Afinal eram seis as faltas, seis! E já não teria Bom na avaliação, somente um Regular. E já não passaria a professora titular. Foram mais seis anos de espera.
Deixa, aos quarenta e seis ainda vou a tempo de ser mãe. É uma gravidez de risco mas isso que tem, se há já quem tenha os filhos aos cinquenta, aos sessenta e qualquer dia aos cem! Mas aos quarenta e cinco foi a hérnia discal. Oh, maldita hérnia discal! Ainda pensei em ir de cadeira de rodas ou se necessário fosse, de maca, mas o médico chamou-me louca e reteve-me dez longos
dias no hospital.E foi assim que somente aos cinquenta e dois cheguei a professora titular. Era tarde demais para ser mãe. Mas, meu Deus! Eu era professora titular! Fiquei tão radiante que até me lembrei de bordar em todos os lençóis de renda, em arabescos graciosos, "professora titular", "professora titular" e em toalhas e em quadros de ponto cruz, "professora titular", "professora titular" e depois mandei gravar em todas as minhas canetas e no estojo dos lápis, "professora titular", "professora titular" e na porta do meu carro e no guarda-chuva e no guarda-sol porque, faça sol ou faça chuva, eu sou professora titular! Agora que sou professora titular tenho, além das aulas, muitos e variados cargos que me dão tanto que fazer. Mas ainda vou arranjando um tempinho para ir aconselhando os novos e vou-lhes ensinando como se chega a titular e como é importante ir ao médico todas as semanas e levar todas as vacinas possíveis e imagináveis e como é totalmente recomendável andar com um triplo airbag no carro. E digo-lhes e repito-lhes: " professor prevenido vale por dois". Mas apesar de todos os meus conselhos e avisos ainda há os que, desprezando-os, se vêem de repente em maus lençóis.
Foi o caso de um brilhante ex-aluno meu, brilhante universitário, brilhante estagiário, brilhante professor que tendo passado com distinção o Exame de Estado e tendo obtido aprovação na entrevista, não conteve os seus impulsos mais genuínos e românticos durante o ano probatório, fruto da sua juventude e inexperiência e não se cansou de defender o indefensável, a exigência, o rigor, a disciplina, criticando com excessivo entusiasmo o facilitismo reinante e não se cansou de duvidar e de contestar.
E eu que lhe dizia: " Meu filho, tem tento na língua, como queres tu chegar a professor titular? Vá aprende comigo e diz "Ámen"! "Ámen"!
Mas ele que não me ouviu. E deu-se o caso, vá lá saber-se porquê, deo jovem brilhante professor obter, no final do ano probatório, a infeliz classificação de 6.8 quando precisava apenas de 6.9 para integrar o quadro. E foi assim exonerado da profissão.
E teve de arranjar logo umas tabuinhas para se ir juntar aos outros muitos professores, desempregados e exonerados, lá debaixo da ponte Vasco da Gama porque ele me dizia que preferia a terra firme, senão tinha arranjado um botezinho como os outros fazem.
E certa manhã ajudei-o a levar as tabuinhas e a construir a cabaninha debaixo da ponte.
Era um dia brilhante, de cores perfeitas, em que o sol resplandecia sobre o rio azul e o sapal era verde marinho e gracioso, salpicado de aves pernaltas. Mas lá estavam as centenas de cabaninhas e os milhares de botes pacientemente amontoados. E ali tudo era cinzento e triste.
E foi nesse momento que caí em mim e vi a injustiça daquilo tudo. A minha luta para chegar a professora titular parecia-me agora absolutamente vazia e sem sentido.Eu deveria ter lutado sim mas contra o "novo" estatuto da carreira docente de 2006!!
Por isso, como era urgente recuperar o atraso de trinta anos, transformei-me em gigante Adamastor e peguei nos milhares de professores e respectivas famílias que viviam nos botezinhos e nas cabaninhas e levei-os para o Ministério da Educação.
Todo o edifício estremeceu à nossa chegada porque nós trazíamos uma tempestade de mil dias.
Mas o "novo" estatuto depressa sucumbiu, de medo e de vergonha, porque muitas tinham sido as injustiças que criara. Adeus "novo" estatuto! Vai e não voltes nunca mais porque nós queremos mudança mas não queremos injustiça!"
Cristina Neves
Façam os vossos comentários... eu já fiz o meu: "Puta de vida!"
segunda-feira, outubro 09, 2006
Português e brasileiro, duas línguas ou a mesma?
Como pessoa que morei no Brasil e vivo perto de Portugal encontro-me dividida entre dois amores, ou melhor, neste caso prefiro o trio.
A questão que o autor do seguinte post, italiano, comenta, acho que é interessante. Fiquei tão perplexa quanto ele quando, por exemplo, vi em São Paulo o filme de Capitães de Abril legendado ao português brasileiro, mesmo com frases bastante diferentes do português original do filme. Deste lado, entre os portugueses, também sou corrigida quando um "brasileirismo" me escapa. Deixo o endereço original porque aliás há comentários de ambos lados do Atlântico. O que é que pensan deste assunto?
Porque muitos brasileiros parecem quase ignorar a existência de Portugal?
Uma coisa que me surpreende é o fato que muitos brasileiros parecem quase ignorar a existência de uma variante "lusitana" da língua portuguesa. Me aconteceu várias vezes, escrevendo a amigos brasileiros, de usar palavras como "acção", "voo" ou "ideia" (variantes ortográficas usadas em Portugal, dos correspondentes brasileiros "ação", "vôo" e "idéia") ou frases como "estou a ler" (ao invés de "estou lendo") e de receber em resposta correções e indicações de erro.
Me pergunto: é possível que no Brasil não conheçam Pessoa ou Saramago (só para citar dois nomes conhecidíssimos) ? Será que no Brasil não chegam livros, jornais, revistas, cartas, e-mails escritos por portugueses ? E pensar que do lado de cá do Atlântico as livrarias estão cheias de vários Amado, Coelho, Veríssimo...; que nas lojas de CD, departamentos inteiros são dedicados à música brasileira; que a televisão portuguesa transmite continuamente novelas brasileiras e até os desfiles de carnaval ao vivo do Rio.
No Brasil, ao contrário, parece que os portugueses são conhecidos principamente por fazer o papel de idiotas nas piadas mais ferozes e, tem que se admitir, mais engraçadas. Tudo bem: o Brasil é um país imenso, enquanto Portugal é infinitamente menor. Mas as vezes acho que por trás desse comportamento exista também outro. Será que, por trás desta exibição de "ignorância" (no sentido etimológico do termo) os brasileiros tentam mascarar uma espécie de complexo de inferioridade nos confrontos da história e da cultura dos seus "primos" portugueses?
A quase 200 anos do fim do domínio colonial no Brasil, talvez permaneça ainda qualquer conta em aberto, qualquer ferida ainda não totalmente curada. Talvez me engano, mas se as coisas estão assim, eu como estrangeiro apaixonado pelo Brasil e por Portugal (igualmente, sem ter nenhuma preferência), queria dizer a todos: pessoal, relaxem um pouco ! A beleza do mundo está na sua variedade, e conhecê-lo (e compreendê-lo e aceitá-lo) todo somente nos poderá enriquecer a todos.
"Friends" - Um tributo ao Humor...
Sempre fui um adepto de Sitcoms, desde o tempo do "Seinfeld" às tantas da madrugada, talvez por o seu humor ser demasiado inteligente para os espectadores da TVI, aos serões da Britcom, com o amigo René ("You Stupid Woman!") com toda a Resistência francesa dominada pelo seu sexappeal. O ano de 2006, e devido ao mercado de DVD's abrangente (algo que a cultura de massas tem de bom!), a par da excelente programação da 2 (Canal da RTP), pude conhecer, até à nona série, as aventuras e desventuras de um grupo de amigos nova-iorquinos que me davam o prazer, durante vinte minutos, de rir da estupidez que o nosso dia pode conter!
Esta equipa de actores, todos eles reconhecidos pelo grande público, de argumentistas, e produtores granjearam sucesso mundial e influenciaram muito do actual humor que se faz em Portugal. Que o diga o grupo de jovens humoristas que escolheram o título da canção da personagem Phoebe ("Smelly Cat") para um dos projectos mais interessantes de humor "tuga" dos últimos tempos. Todos sabem que se trata do amado e odiado "Gato Fedorento".
Hoje, após me recordar de uma peripécia estilo "Fiends", decidi fazer um post diferente, baseado no humor, com base na cultura de Nova Iorque (que nada tem a ver com um executivo com um Sr.Bush à cabeça) e prestar tributo à ficção e a personagens que nos fazem rir de nós próprios... Todos nós temos um pouco de Joey Tribianni, Chandler Bing, Ross e Mónica Geller, Rachel Green e a grande hippie cantora vegetariana Phoebe Buffay, que, por acaso, é o nome da minha gata...
Esta equipa de actores, todos eles reconhecidos pelo grande público, de argumentistas, e produtores granjearam sucesso mundial e influenciaram muito do actual humor que se faz em Portugal. Que o diga o grupo de jovens humoristas que escolheram o título da canção da personagem Phoebe ("Smelly Cat") para um dos projectos mais interessantes de humor "tuga" dos últimos tempos. Todos sabem que se trata do amado e odiado "Gato Fedorento".
Hoje, após me recordar de uma peripécia estilo "Fiends", decidi fazer um post diferente, baseado no humor, com base na cultura de Nova Iorque (que nada tem a ver com um executivo com um Sr.Bush à cabeça) e prestar tributo à ficção e a personagens que nos fazem rir de nós próprios... Todos nós temos um pouco de Joey Tribianni, Chandler Bing, Ross e Mónica Geller, Rachel Green e a grande hippie cantora vegetariana Phoebe Buffay, que, por acaso, é o nome da minha gata...
domingo, outubro 08, 2006
Quando a Cabeça não tem Juízo, o corpo é que paga...
O grande António Variações tinha como refrão este lema. E é verdade. Eis o meu pé partido, o azar de um batimento, e os novos passos pelos sendeiros da baixa! Como dizia o Carlos Pinto Coelho: "E Assim Acontece". Agora é esperar e aproveitar para fazer coisas diferentes para não cair no marasmo de um pé partido! Esta foto foi tirada no Hospital Infanta Cristina em Badajoz, minutos antes de me ser posto gesso até ao joelho! Perdoem esta partilha tão pouco anatómica...
Mas não pensem que se livram de mim, especialmente os meus alunos no I.E.S. de Valencia de Alcántara! Vou continuar a divulgar a língua do poeta zarolho e a fazer o que posso com dois braços e uma perna! "Me aguardem"!
Mas não pensem que se livram de mim, especialmente os meus alunos no I.E.S. de Valencia de Alcántara! Vou continuar a divulgar a língua do poeta zarolho e a fazer o que posso com dois braços e uma perna! "Me aguardem"!
sexta-feira, outubro 06, 2006
Otoño caliente en Extremadura
El portugués anima Extremadura. Por todos lados hay actividades donde entrar en contacto con la cultura portuguesa. En Lusofolia podemos ver algunas. Por ejemplo, el Ágora, la Almossassa de Badajoz/Marvão, el festival de cortos lusoextremeños, el concierto de Dulce Pontes o el de jazz ibérico. O la estelar aparición de los Irmãos Catita, incombustibles y geniales el próximo sábado en Portalegre.
quinta-feira, outubro 05, 2006
Melô das eleições
Este blogue está muito virado para Portugal.
Vamo-nos lembra dos brasileiros neste pocotó das eleições:
Vamo-nos lembra dos brasileiros neste pocotó das eleições:
5 de Outubro, memórias de uma República...
E é verdade... já passaram 96 anos desde que caiu a monarquia... Tenho muito orgulho em ser republicano, apesar de viver numa monarquia que nao me afecta em nada, mas creio que estas raízes de um processo republicano, laico, com a participaçao do povo sem vínculos hereditários, sao um dos maiores motivos de orgulho que um português pode ter (se pensarmos um pouco, temos muitos motivos de orgulho!).
O pior de todos os sistemas é que caem de podres... A 1ª República caiu para dar origem ao Estado Novo, que, felizmente, nao abdicou do estatuto da república, no entanto abraçou o fascismo... depois os "cravos", a constituiçao de 1976, a entrada na UE, o "cavaquismo", as presidências abertas de um "Fish" Soares (que nao chegou a MP3), rendimentos mínimos e peixes de tanga, Santana Lopes VIP e um filósofo do "bloco central"... o presidente é sério, mas nao é simpático e a 1ª Dama sente-se a avó do Infante dos "Nuestros Hermanos"... Eis a minha república! Espero que nao suceda o mesmo que na odisseia da "Guerra das Estrelas", primeiro uma república galáctica e depois um império galáctico com um chefe da policia politica com máscara de porco (apesar de dizerem que foi inspirada nos samurais)... Darth Vader. A mer... é que, diz o povao, que a história tende a repetir-se.
O pior de todos os sistemas é que caem de podres... A 1ª República caiu para dar origem ao Estado Novo, que, felizmente, nao abdicou do estatuto da república, no entanto abraçou o fascismo... depois os "cravos", a constituiçao de 1976, a entrada na UE, o "cavaquismo", as presidências abertas de um "Fish" Soares (que nao chegou a MP3), rendimentos mínimos e peixes de tanga, Santana Lopes VIP e um filósofo do "bloco central"... o presidente é sério, mas nao é simpático e a 1ª Dama sente-se a avó do Infante dos "Nuestros Hermanos"... Eis a minha república! Espero que nao suceda o mesmo que na odisseia da "Guerra das Estrelas", primeiro uma república galáctica e depois um império galáctico com um chefe da policia politica com máscara de porco (apesar de dizerem que foi inspirada nos samurais)... Darth Vader. A mer... é que, diz o povao, que a história tende a repetir-se.