quarta-feira, setembro 13, 2006

O 11 de Setembro da Cultura Portuguesa

No dia 11 de Setembro, à hora do crepúsculo, após ter comprado um revólver, arma que usaria pela primeira vez, Antero de Quental suicida-se, no Largo de São Francisco, junto ao Convento da Esperança. Havia escrito na carta autobiográfica enviada a Wilhelm Storck, o tradutor alemão dos Sonetos, em Maio de 1887: “Morrerei, depois de uma vida moralmente tão agitada e dolorosa, na placidez de pensamentos tão irmãos das mais íntimas aspirações da alma humana e, como diziam os antigos, na paz do Senhor - Assim o espero”.
Símbolo de uma geração (a Geração de 70 ou a Geração de Antero), referência obrigatória na poesia, no ensaio filosófico e literário, no jornalismo, mas também nas lutas pela liberdade de pensamento e pela justiça social, onde se afirmou como ideólogo destacado.
Deixou-nos o seu "Palácio da Ventura"...
O Palácio da Ventura

"Sonho que sou um cavaleiro andante
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura.

Mas já desmaio...exausto e vacilante
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante,
Na sua pompa e aérea formosura.

Com grandes golpes, bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas de ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão – e nada mais!

Antero de Quental
Na foto à direita, o banco onde Antero deu o derradeiro disparo.

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