A minha solidão não tem cor, pinturas tampouco.
Passeia-se alheia a ruídos, ao folhear de um calendário de parede.
A minha solidão não tem calor,
Arrefece-me a metálica sensação das grades que me separam do outro lado,
Dos meus, dos teus, dos outros... semelhantes.
As cataratas constantes (já não aprecio a sua beleza), o silêncio do vento, a artrite da minha bicicleta, já não roda com a facilidade de antes.
Levo-a comigo. A minha companheira, fiel corcel de massa consistente, a minha tecnologia na ponta das calças.
Levo-a comigo, a minha bicicleta, acompanha-me, reluzindo os seus raios na barreira que me aparta, que me exclui, que a quer arrumar numa garagem qualquer...
Levo-a comigo, as suas cataratas, a sua surdez, a sua artrite e a sua ferrugem que estala... e assim vamos rodando esperando passar ao lado do próximo Carnaval, sem que nos ponham numa garagem qualquer...
Numa garagem qualquer...
Se não for numa sucata qualquer...
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