quinta-feira, setembro 17, 2009

A política está cheia de lugares comuns… e de estrume.


Portugal anda a “ferro e fogo” numas eleições que parecem um filme do Robert Zameckis, mas sem o Michael J. Fox e o Christopher Loyd. Este “Regresso ao Futuro” deve-se a quê? Não sei, e já nem quero pensar por questões de sanidade mental. Já que isto por terras lusas não vai da melhor maneira, ao menos que já que somos forçados a aturar tanta coisa e a ver o nosso nível de vida baixar ao ponto de voltar a ser uma economia doméstica (de hortas, árvores de rua e dádivas de vizinhos…) a fazer a tarefa de um estado que se diz social e com o peso adequado na sociedade, mas que efectivamente nos remete para a realidade dos primeiros anos do Estado Novo. Note-se que me refiro à conjuntura económica, não aos paradigmas de censura de então, que apesar de hoje existirem (o dito caciquismo que o Portas de direita falava), é quase indigno ser comparado com a de então, porque, ao menos o ditador com nome de instrumento de cozinha, predicava com o exemplo e não tinha contas em offshores, quanto muito a render juros no Banco de Portugal.
Mas isto das palavras faz-nos rumar por caminhos que nem sempre queremos trilhar e, como estava a tentar delinear o meu pensamento, façamos os esforços de voltar às últimas legislativas. Recordam-se dos intervenientes? Seria o “Regresso ao Futuro1”, aquele em que o Marty Mcfly volta aos 60’s porque os terroristas mataram o Doc, por aqui, talvez tenha sido o Durão a fugir para Bruxelas e a levar consigo a cimeira dos Açores e o Sócrates a voltar ao tempo as maiorias absolutas cavaquistas...
Algum tempo mais tarde, para utilizarmos linguagem cinematográfica, tivemos umas presidenciais em que, em termos de percentagem, mais de 50% dos candidatos são os mesmos de cada cardápio eleitoral dos últimos temos, desde Louçã, Sousa, Portas, sem esquecer os clássicos, que se dizem menosprezados, Garcia Pereira, o tipo do PNR e, não sei se o fadista Pereira quis acabar com a república e ser rei. Não me recordo e não quero ser impreciso com um homem tão coerente não suas ideias e justificações genealógicas de marialva. Eis o “Back to the Future II”!
Passadas umas europeias, caímos nestas novas eleições e para meu espanto, e de todos os portugueses, o país abriu-se à mudança!!! Os partidos aproveitaram estas novas eleições e renovaram-se, apresentando candidatos novos, com novas ideias, uma verdadeira lufada de ar fresco. Não houve os históricos do partido do comité central, não houve o mesmo líder parlamentar e rosto do Bloco, não se candidatou nenhum ex-ministro das finanças, da defesa ou da educação e o PS apresentou um candidato licenciado.
Não é assim? Pena, eis o “Back to the Future III”, num Portugal de western spaguettis de “Bons, maus e vilões”. Logo estamos perante uma política de lugares comuns de comboios, tal como a parte 3 de que vos falo, só que desta vez de alta velocidade, bem depressa para que não se fale demasiado de emprego, educação, igualdade social, desenvolvimento sustentável, combate à corrupção, segurança e esquecimento do interior…
Mas nisto dos lugares comuns, o mundo do cinema também é fértil e em todo o lado tem de haver uns quantos Biff que tinham uma apetência para esbarrar em camiões cheios de estrume… por aqui talvez sejamos uns quantos… Mas numa onda de optimismo, sim eu orgulho-me de ter nascido português e de chocar nesses camiões, sempre se pode utilizar o estrume como adubo intemporal ecológico para mudar esta merda!

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