Mentir-vos-ia se dissesse que a literatura juvenil de “Uma Aventura”, “Os cinco” ou “Os Sete”, entre outros títulos me ajudaram a crescer e a apreciar as histórias que se podem contar com palavras, ou, mesmo, as emoções que visualizamos nas nossas mentes que se estão a formar para o mundo. Falando verdade, esses livros eram demasiado “soft” para o que eu concebia como “aventuras”… eu achava mesmo que eram para “mariquinhas” (com o devido respeito para os seus leitores, não me interpretem mal!).
Há algum tempo, li uma crónica do Lobo Antunes em que ele falava dos super-heróis da sua infância e juventude. Falava do Homem-Aranha com tal artifício literário que me pareceu demasiado plástico, apenas estilístico, sem amor pela personagem. Não quero entrar em polémicas como as que o envolvem com a guerra do ultramar, mas tenho a certeza que se falasse de um “Flash Gordon”, de um “Super-Homem”, até mesmo de um “Batman” ou “Fantasma”, seria mais credível, menos artificioso, e tocaria mais fundo, sem essa sensação de utilizar palavras, conceitos, sintaxes e semânticas, para nos tocar no âmago. Sem dúvida, me que toca, me emociona, mas utilizar o alter-ego de Peter Parker para ilustrar a sua juventude, os seus começos literários é, simplesmente, inverosímil e ridículo. Se fosse americano, até se entenderia, mas sendo português, apesar de um tanto ou quanto burguês, num país salazarista… Oh António!!!
Já a minha geração, e a que me antecedeu, devorámos livros da Marvel que nos traziam as aventuras do famoso aracnídeo, esse herói adolescente, borbulhento, azarado, patego, que tantos de nós sentíamos como um representante oficial da nossa passagem difícil entre a infância e a “adultez” que é a chatice da adolescência.
A partir das desventuras do Sr. Parker, mergulhámos na justiça poética de um ex-marine que declarou guerra ao crime organizado, com diários de guerra e tudo. Com Frank Castle, o passado do “Spidey”, parecia um desenho animado do Dartacão. Não faziam falta super-poderes, com um bom arsenal já se pode fazer justiça! A tradução “abrasileirada” ditou que “punisher” fosse “justiceiro. Não ficou muito mal, seria pior “Toy Story”, “A História do Toy”!
Mas um arsenal sem inteligência não serve para nada! É fácil dar o salto para o super-herói mais sombrio (e o segundo mais betinho depois do Super-Homem, pois é milionário!) da história da BD. O Batman.
Mas mesmo com Frank Miller ao leme do Cavaleiro das Trevas, haverá sempre uma necessidade de acção que nos leva a conhecer “Daredevil” (“Demolidor” em português e, curiosamente, “Dan Defensor” em espanhol), e a sonhar com a Elektra, e o herói mais fixe de todos… o Wolverine!!! Quantas vezes imaginei ter umas garras de adamantium e saltar de telhado em telhado em aventuras de samurais e mutantes à mistura… mas na realidade as únicas coisas que se podem ter desta personagem (sim, para mim personagem é feminino, como todas as palavras de sufixo “agem”!) são as pilosidades corporais, a baixa estatura (tipo “caga tacos”) e umas patilhas suíças bem maiores do que as do “Ti Manel” da horta!
As capas que aqui estão publicadas são uma escassa selecção das centenas de livros que semearam a minha imaginação em “gaiato” e, sem intelectualismos à mistura, foram a melhor influência literária que poderia ter! E tudo começou com uma gripe e uns quantos livros do “Iron Man” que o Carlitos (“o amigalhaço dos bombeiros”) me emprestou!!!
Caraças, agora é que disseste mesmo tudo.
ResponderEliminarE não é que ainda tenho guardados alguns dos livros que aí apresentas.
Acho que nunca me vou fartar de os ler.
Um abraço.
E eu continuo a guardar aqueles que me vendeste há uns anos do Wolverine! Estão lá, religiosamente, guardados na estante!
ResponderEliminarGrande abraço!