(Texto escrito a propósito da importância do "toque" nos primeiros meses de existência do Bebé, a pedido de uma pessoa muito querida...)
Desafiamos a gravidade do porvir,
Nas palmas firmes das minhas mãos.
Serenamente sinto o passado, num futuro que meu não será
Mas no qual ecoará o timbre do meu existir.
Há palavras que teimam rebentar dum grito inato
Vindo ao mundo leve de carga, cristalino, intacto…
Que a tacto percorre e aprende as minhas cicatrizes,
Como se de um mapa se tratasse…
O instinto agarra forte o meu dedo,
Nada lhe indica. Apenas me responsabiliza.
A agulha de uma bússola orienta
Para o norte magnético de um amparo apenas …
Sussurra-me ao ouvido o azimute do cúmplice
Olhar do destino que, no plural, me interceptou …
E assim,
Num peito, feito porto,
Atraco o meu filho às amarras da minha vontade.
Fecho os olhos. Aceito e em silêncio agradeço,
A qualquer Deus que possa existir,
As pequenas coisas que fazem grande esta minha,
Nossa, madrugada
De mãos, alvas,
Dadas ao mundo.
Gosto muito de ler Poesia.
ResponderEliminarParabéns por esta experiência na escrita de poesia.
Gostei principalmente da última estrofe. Acho muito forte.
Gostei de algumas palavras que o poema tem, que não são correntes , gostei da palavra Azimute. É um termo técnico de navegação , mas nunca percebi o significado certo.
Só não gosto muito da frase "Atraco o meu filho às amarras da minha vontade" ;
acho que dá ideia de estar agarrado.
Acho que ficava melhor "Abraço ... nas ..... minha (qq coisa)"
É verdade. Eu não sou muito dado à poesia, na realidade, é uma coisa para a qual acho que não fui minimamente talhado...
ResponderEliminaristo escrevi para uma aula de massagem para bebés da Elsa (porque ela me pediu) e decidi colocar aqui, principalmente para ilustrar a foto...
Mas para dizer a verdade, nem sei como tive coragem para colocar aí essa divagação... Talvez a saudade do Santi (estive a semana toda sem vê-lo a trabalhar!)
A ver se temos tempo para te fazermos uma visita.
Ultimamente escasseia... e há sempre contratempos...
Muitos beijos e abraços
O azimute é um traçado numa determinada coordenada que te faz ter um ponto de referência. É um termo da navegação e da orientação em geral. Tracei bastantes em cartas militares e no vazio, quando fazia jogos de pistas e me perdia com os meus amigos por esses campos fora...
ResponderEliminarQuanto a "vontade", podes dar-lhe mais interpretações (não sei o porquê, mas consegui expressar algo que se me afigurou nesse contexto), mas acredita que é mais num sentido de obstinado ou teimosia, do que propriamente agarrado ou posse...
Enfim, expressar liricamente uma
Aquele abraço,
P.S
Hoje li uma obra de poesia de José Luís Peixoto e recomendo-te