É na câmara escura dos teus olhos que se revela a água água imagem água nítida e fixa água paisagem boa nariz cabelos e cintura terra sem nome rosto sem figura água móvel nos rios parada nos retratos água escorrida e pura água viagem trânsito hiato. Chego de longe. Venho em férias. Estou cansado. Já suei o suor de oito séculos de mar o tempo de onze meses de ordenado; por isso, meu amor, viajo a nado não por ser português mal empregado mas por sofrer dos pés e estar desidratado. Chego. Mudo de fato. Calço a idade que melhor quadra à minha solidão e saio a procurar-te na cidade contrastada violenta negativa tu única sombra murmurada única rua mal iluminada única imagem desfocada e viva. Moras aonde eu sei. É na distância onde chego de táxi. Sou turista com trinta e seis hipóteses no rolo; venho ao teu miradoiro ver a vista trago a minha tristeza a tiracolo. Enquadro-te regulo-te disparo-te revelo-te retoco-te repito-te compro um frasco de tédio e um aparo nas tuas costas ponho uma estampilha e escrevo aos meus amigos que estão longe charmant pays the sun is shining love. Emendo-te rasuro-te preencho-te assino-te destino-te comando-te és o lugar concreto onde procuro a noite de passagem o abrigo seguro a hora de acordar que se diz ao porteiro o tempo que não segue o tempo em que não duro senão um dia inteiro. Invento-te desbravo-te desvendo-te surges letra por letra, película sonora, do sendo à vogal do tema à consoante sem presença no espaço sem diferença na hora. És a rota da Índia o sarcasmo do vento a cãibra do gajeiro o erro do sextante o acaso a maré o mapa a descoberta dum novo continente itinerante. José Carlos Ary dos Santos Obra Poética Lisboa, Edições Avante, 1994 |
quinta-feira, março 29, 2012
A Máquina Fotográfica
terça-feira, março 27, 2012
Las bibliotecas ya no se queman.
Las bibliotecas ya no se queman. Se ignoran.
No hay peor existencia que la ausencia de reconocimiento que uno está por aquí.
Que me critiquen, me rasguen, me peguen, me insulten, me jodan,
Pero, haz el favor, léete el libro que llevo escrito con la punta de mi navaja.
Si tienes la fortuna del tiempo, léete ni que sea a penas el título
O la portada. Reconozco que es cursi y algo peculiar…
Unas frases, algunos párrafos, algún capítulo, a lo mejor lo terminas sin que te aburras.
Pero, al final, haz el favor, ponme donde quieras, en un cajón acompañado de inutilidades, como más polvo de estantería o como pie del entumecido sofá delante de la caja con un hombre dentro pisando lentamente la luna.
Ahórrame de las cenizas inquisitorias del olvido.
De las cenizas ya no nace nada nuevo. Simplemente mitos.
Ahora está de moda reciclar.
Ahora está de moda reciclar.
segunda-feira, março 26, 2012
Portugal é nosso!!
Enquanto vasculhava alguns documentos no interior misterioso e labiríntico do meu pc, encontrei este pequeno texto escrito em março (ainda era Março) de 2010.
Olhando agora, lendo e analisando, vejo que isto não muda tanto de ano para ano.
E a parte engraçada neste texto(sem graça mas cheio de intenção, que afinal também conta)é que alguém o deve ter lido e usado e abusado; e que afinal o tema já era o mesmo dois anos antes - crise, bancos e combustíveis!
Por estes dias todos andamos a dar em loucos pelo aumento estúpido do preço dos combustíveis para valores irreais.
Quem ganha mais com isto? O Estado! E quem é o Estado? Somos todos nós!
Ora bem, como tal, já encomendei um carro novo, 0 km's, topo de gama com AC e estofos em pele.
Vou fazer obras em casa, sair mais vezes e jantar fora. Tudo isto a crédito, claro, não sou rico, mas por este andar não vai faltar muito.
Se ainda faltar muito, não pago o crédito. Em último caso, o banco fica em maus lençóis e pede ajuda ao Estado. Se este o comprar, ainda fico dono de um banco - repito - o Estado somos nós!logo mais um banco nosso; Meu!
É certo que por vezes não se nota, mas sei que somos ricos, e como tal investimos, compramos, gastamos... pagamos a factura, mas não faz mal, afinal é tudo nosso, logo meu.
Queridos amigos, fica a minha palavra para que gastem, invistam, esbanjem! Afinal Portugal é nosso, assim como.... como..... tudo o que ainda não foi privatizado, como a divida e .... ..... e a Serra da Estrela!
Irónico, não!?
Olhando agora, lendo e analisando, vejo que isto não muda tanto de ano para ano.
E a parte engraçada neste texto(sem graça mas cheio de intenção, que afinal também conta)é que alguém o deve ter lido e usado e abusado; e que afinal o tema já era o mesmo dois anos antes - crise, bancos e combustíveis!
Por estes dias todos andamos a dar em loucos pelo aumento estúpido do preço dos combustíveis para valores irreais.
Quem ganha mais com isto? O Estado! E quem é o Estado? Somos todos nós!
Ora bem, como tal, já encomendei um carro novo, 0 km's, topo de gama com AC e estofos em pele.
Vou fazer obras em casa, sair mais vezes e jantar fora. Tudo isto a crédito, claro, não sou rico, mas por este andar não vai faltar muito.
Se ainda faltar muito, não pago o crédito. Em último caso, o banco fica em maus lençóis e pede ajuda ao Estado. Se este o comprar, ainda fico dono de um banco - repito - o Estado somos nós!logo mais um banco nosso; Meu!
É certo que por vezes não se nota, mas sei que somos ricos, e como tal investimos, compramos, gastamos... pagamos a factura, mas não faz mal, afinal é tudo nosso, logo meu.
Queridos amigos, fica a minha palavra para que gastem, invistam, esbanjem! Afinal Portugal é nosso, assim como.... como..... tudo o que ainda não foi privatizado, como a divida e .... ..... e a Serra da Estrela!
Irónico, não!?
Gigante
Sin causa te agigantaste al este del edén.
A cronos, la carrera le has ganado al volante de tu spider,
Mientras besabas un estiloso y sonriente cigarrillo.
Te ofuscaste en el polvo de una nube de carretera
Donde hay que respetar el stop
Al llegar al cruce.
Ahora a tus hombros llevas la escopeta cargada de eternidad.
No eres del calibre de Atlas.
La persistencia de la reminiscencia
No es carga para un titán fumador de Marlboro como tú.
domingo, março 25, 2012
quinta-feira, março 22, 2012
El pan de nuestra pobreza (dedicado a Samuel Chamorro)
"El pan de nuestra pobreza no se cose en este fuego
que las cenizas limpian con el aire,
dando de comer a la tierra
que desemboca en la ausencia de tu agua.
El pan de nuestra escasez, elemento
dádiva de divinos hombres
se coserá en el pasado
desalineado en la bandeja de tu memoria".