terça-feira, agosto 13, 2013

Quero um lápis para pintar II

“Quero um lápis para pintar”
Disse-me o meu menino.
Pouco lhe tarda a vida a ensinar
Que o mundo não é pequenino.

Do papel ao lápis
Há um risco que separa
Cores, esperança, paixões
E o riso que monta e restaura
Os móveis IKEA mais difíceis
E na caixa cem livros de instruções.

Torpeza abstracta ou genuinidade
Inata marcada a lápis de cera, marcador,
Caneta de feltro, lápis de cor, aquarela?
Prevejo um potencial Pollock!
Uma sequela com querela
De croquete e beberete!
Ah, e para a arte um crítico!
(De preferência um tísico,
Para uma morte, com olheiras, lenta
De desalento por acreditar que há talento,
Aqui ou onde quer que exista!)

O empreendimento do meu menino
Não é um quadro do crescer,
Nem aprender a fazer arte
No bacio.
(A arrastadeira do tempo vem
E encarrega-se disso)

Na hora do agora,
Na aurora do seu ser
Só flui a fugaz linha de um lápis
A pintar o que quer

E não quer mais nada.

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