"Não me aluguem o fim do mundo.
O apocalipse não está para arrendar
Nem o procuro na secção de classificados.
Isso querem os arautos, discípulos astutos
Da Fome, da Guerra, da Peste e da Morte.
O que não contam é com a sorte
Que ainda se vai tendo quando alguém é capaz…
De encontrar no dicionário a palavra audaz.
Não me vendam a depressão.
Para ser triste não é preciso pagar,
Basta com ser ou estar,
E o Xanax não sabe bem com pão.
Não me vendam optimismo.
Não me convertam a ismos,
(Apesar de estar de acordo com que se derrube o templo)
Já é tempo de meditar
E optar por não pagar.
Recusar dívidas impostas por quem não eu não conheço.
Não me vendam o meu nariz.
É grande mas não é grande coisa.
Foi-me dado (e também já foi esmurrado)
Mas é meu!
Não me dêem soluções.
Eu não quero o que é melhor para mim.
Eu quero o que vocês não querem para mim.
- Um hambúrguer com batatas fritas
E um refrigerante original com brinde.
“Agora, com o seu menu:
«A declaração universal dos direitos humanos»
Escolhe já o teu!”
Não me tragam conforto.
Com taxa de esforço
Escrito a letras pequenas numa oração a Nossa Senhora da Penhora.
Água? Salgada e privatizada em lágrimas.
E o sol? Desde que nasce é mais para uns do que para outros.
Lucro.
Proveito.
Esse é o vosso jeito,
Nem que levem tudo a eito.
Aqui não me vendem nada.
Em território neurónio mando eu.
Quero que vocês se fodam.
Eu estou aqui, de tabuleiro na mão,
À espera que me atendam".Agosto de 2013
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