E a curiosidade do gato
Desenhem o sorriso da criança.
Que o nervosismo da primeira vez
Faça propaganda a um eterno
Sentimento de idiotice e alimente paixões.
Que o ébrio racional descubra a
Superfície lunar num foguetão parado
À conversa com a senhora da portagem.
Que o comunista se ofereça para coçar costas
E o fascista lhe pague um copo
No bar de petiscos do papista.
Que o cabide seja qualquer casa
De um chapéu solarengo e dançarino
De tangos do Gardel.
Que as folhas por escrever
Sejam campos abertos ao adubar
Do rasto do P-38 de Saint-Exupéry.
Que Esparta faça amor com Tróia
E Aquiles não tenha calcanhar
No possuir heróico de Heitor.
Que a balsa seja o rio
E o rio seja bálsamo feliz todo ano
E não só no anual Carnaval.
Que a primitiva seja conjunto
De pessoas reais à raiz quadrada
De uma humanidade exacta.
Que tu, eu, o gato, intrometido
Malabarista, possamos almejar
O ronronar enroscado a uns pés estafados".
8/XII/2006
À luz do velho aquecedor de varetas.
Para nunca deixarmos de sonhar.
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