"Chaque jour nous laissons une partie de nous-mêmes en chemin." AMIEL
quarta-feira, julho 29, 2015
terça-feira, julho 28, 2015
domingo, julho 26, 2015
"Burn" - The Cure ("The Crow Soundtrack")
Seguramente que a melhor cena de maquilhagem da história da sétima arte devemo-la à nostalgia e tristeza do Charlie Chaplin em “Timelight” (“Luzes da Ribalta”), mas a minha geração aprendeu com um sombrio Brandon Lee, vingativo ao som dos The Cure, em “The Crow” (“O Corvo”)… Com mais de 20 anos, não há pintura facial branca e batom negro que igualem esta personagem criada por James O’Barr.
sábado, julho 25, 2015
Gosto de ler, pensar e escrever nesta espécie de jardim sem flores, fitando as oliveiras. (Ruy Ventura)
Gosto de ler, pensar e escrever nesta espécie de jardim sem flores, fitando as oliveiras. Como eu, são alentejanas exiladas que, apesar do desterro, vão agarrando a terra com as raízes, produzindo rebentos, resistindo a podas sem tino, produzindo fruto que só alguns aproveitam. Sobreviveram ao deserto e à barragem, mas tiveram de migrar. Também eu, se me permitem.
Ruy Ventura (24 de Julho de 2015)
sexta-feira, julho 24, 2015
Reflexões de Eduardo Lourenço, na revista LER:
"Deixámos há muito de funcionar sob um paradigma religioso, em que o nosso destino era coletivo e possuidor de um sentido. A Humanidade era conduzida pela Providência. (...) Depois passou a ser o Homem - e a Reforma está na origem disso - o criador do seu próprio futuro. Sem a Providência, e com os riscos inerentes. O problema é saber se este sonho cartesiano levado ao extremo, em que deixamos de ser filhos da natureza, para sermos seus donos, é um exercício impune. (...) Talvez a capacidade que temos de manipulação da natureza venha a virar-se contra nós, porque afinal também fazemos parte da natureza. Talvez nos tornemos vítimas dos poderes desses deuses virtuais que pensamos que somos. Ou que somos sem saber."
quinta-feira, julho 23, 2015
quarta-feira, julho 22, 2015
"O sorriso arcaico"
«¡Qué
hermosa vida!», goza el hombre, sintiéndose acariciado por esos ojos… Su mano
se mueve hacia ella bajo las sábanas, pero se inmoviliza antes de tocarla, en
cuanto percibe una tibieza en el lienzo. Allí se detiene como un peregrino ante
el santuario final, mientras se deja mecer en las ondas tranquilas del aroma
femenino. Sus párpados, al cerrarse poco a poco, van adoptando una expresión
final de beatitud.
Ya dormido,
la mujer inmóvil le sigue contemplando enternecida. Sonrisa de niña descubriendo
al hombre; mirada de madre ante el hijo en la cuna; emocionada serenidad de
hembra colmada por su amante.
José
Luis Sampedro, in “La sonrisa etrusca”, p. 248.
[Trad. Luis Leal]
segunda-feira, julho 20, 2015
“Mas tu sim, as minhas palavras fazem ninho no teu peitinho. Algum dia recordá-las-ás de imediato; não saberás de onde vêm e serei eu, como agora arrancas de dentro de mim tanto do que esqueci.”
“Pero
tú sí, mis palabras hacen nido en tu pechito. Algún días las recordarás de
pronto; no sabrás de dónde vienen y seré yo, como tú ahora sacas de mis
adentros tantos olvidos.”
José
Luis Sampedro, in “La sonrisa etrusca”, p. 219.
domingo, julho 19, 2015
O verdadeiro poeta aspira
O verdadeiro poeta aspira a algo que raramente entende mas que sente, tal como aspira, doméstico, porque tem de ser, o cotão que se vai acumulando no escritório.
O verdadeiro poeta aspira.
O verdadeiro poeta não pode ser alérgico ao pó dos livros e de si mesmo.
sexta-feira, julho 17, 2015
quinta-feira, julho 16, 2015
segunda-feira, julho 13, 2015
Prescrição (Miguel Torga)
Foto: Matt Bell
PRESCRIÇÃO
Deixa passar as horas
Sem as contar.
Alheia a cada instante,
Vive, a viver a vida, a eternidade.
Feliz é quem não sabe
A própria idade
E em nenhum ano pode envelhecer.
Dura encantada na realidade.
Negar o tempo é o modo de o vencer.
Coimbra, 30 de Junho de 1983
Miguel Torga
Deixa passar as horas
Sem as contar.
Alheia a cada instante,
Vive, a viver a vida, a eternidade.
Feliz é quem não sabe
A própria idade
E em nenhum ano pode envelhecer.
Dura encantada na realidade.
Negar o tempo é o modo de o vencer.
Coimbra, 30 de Junho de 1983
Miguel Torga
Uma voltinha de mota?
Apanha-me essa mota, ó Luís, que o kazama77 fotografou. Vê lá se ele empresta para dar uma voltinha...
domingo, julho 12, 2015
A DIGNIDADE - Ángel Campos
enquanto possa pensar-te
não haverá esquecimento
ainda se chamas
acudo a ti
fluo desde a minha mão
à mão que estendes desvalida
e entro no teu abraço
com o temor que engendra o medo
mas vou à tua procura
acudo a ti oferecendo-me
como animal sedento
que focinha na lama
acudo a ti
ascendo à tua respiração
fragmentado rumor que é puro abismo
sulco aberto na rocha
leito
seco
que oculta a água
a mesma que agora eu
acerco até aos lábios gretados
por mitigar apenas
a febre que humedece
a nítida brancura dos lençóis
acudo a ti
ao teu recolhimento
à untura que acalma os teus joelhos
à pausa limpa da tua voz
entrecortada
por ver se o que um dia disseste
poderá ser dito
de novo com a mesma dignidade
porque tu bem sabes
há
palavras
que duram muito mais que a queda
por isso hoje acudo a ti
à tibieza do teu sangue
à tersa pele que cobre as tuas pernas
acudo a ti
ao nada
retido
o alento
da tua voz que me fala
até fazer-se em mi
certa
a palavra que dura
legível na sua mudez
suspensa nos lábios
e escrever com ela
a minha biografia
sei que enquanto possa dizer-te
não haverá esquecimento
que do espaço do teu nome
há de brotar
abertas as suas duas sílabas
a semente na neve
[Trad. Luis Leal]
"Casillas, de Espanha Bons Ventos e Bons Exemplos"
Desde há dez anos que pergunto, numa dinâmica dessas típicas
de sala de aula, a adolescentes espanhóis um exemplo de um ídolo. Muitos dos
quais associo à figura de boa gente, respondem: “o Iker Casillas”.
Neste mundo tão de aparências como é o nosso, e em especial
o ambiente "pesetero" do futebol, o exemplo desportivo e de cidadania
deste guarda-redes sempre me pareceu positivo (até mesmo numa época tão
“contaminada” como a última da era Mourinho!).
Agora de caminho para a Invicta, talvez venha a ser o ídolo
de alguns adolescentes portugueses. Que também aí seja lembrado como boa pessoa
e um modelo de desportista, mostrando, mesmo através de algo tão prosaico como
o futebol, que de Espanha também vêm bons ventos e bons exemplos.sexta-feira, julho 10, 2015
quinta-feira, julho 09, 2015
quarta-feira, julho 08, 2015
terça-feira, julho 07, 2015
Rio Alva, na Ponte das Três Entradas, na companhia do mestre Miguel Torga
Não me lembro de ter alguma vez lido um livro de poesia desde a primeira à última página, como se de um romance se tratasse, mas esta antologia do Mestre Miguel Torga foi uma expceção.
Pena o adjetivo "lírico" ter uma conotação injusta por uma grande maioria que não o entende e limita. Não me imagino sem esta profunda gratidão que tenho pela obra de Torga... Não me imagino sequer...
segunda-feira, julho 06, 2015
domingo, julho 05, 2015
Oxi
Princesa de cara roupa
Princesa corcunda rota
Princesa corcunda rota
Princesa de banquetes
Princesa de croquetes
Princesa de croquetes
Princesa da alta finança
Princesa matriz e herança
Princesa matriz e herança
Princesa da moeda única
Princesa sem uma única moeda
Princesa sem uma única moeda
Povo que se vê Grego
Sem Pão
Sem Pão
Penélope a fiar barato o destino
Ulisses perdido num mar de dividas
A flutuar à deriva e sem divisas.
Ulisses perdido num mar de dividas
A flutuar à deriva e sem divisas.
Depois de tantos trabalhos
Hércules manda Hera pró caralho
Hércules manda Hera pró caralho
Endireita as costas vergadas
(Humilhada por humilhada)
(Humilhada por humilhada)
Ostracizada de 18
E feita num oito
Mas a Grécia
E feita num oito
Mas a Grécia
Berço da democracia consultado.
Sim ou não.
Sim ou não.
Os gregos, que baptizaram a filha
De Agenor e de Telefasa
De Agenor e de Telefasa
A quem chamaram
Europa,
Europa,
Disseram
Não.
Eu que sou neto de Helena
Acredito que temos que saber dizer
Oxi.
Eu que sou neto de Helena
Acredito que temos que saber dizer
Oxi.
E agora?
Uma nova aurora?
Não.
É apenas mais um capítulo,
Mais um parágrafo na história