o
meu filho sussurra à gata uma qualquer coisa de cumplicidade felina.
de gatas, num
verão deitado no chão, pergunta-me se os
seus olhos são diferentes. verdes
escurridiços. brinquedos
à bolina num tapete deserto de mar. sem
o saber, há uma
terra ao alcance desta criança. a
de uns braços
decididos a amarem-no, sem muros, na paz de um lar ainda
de manhã. o
conhecimento das farpas do arame chegam-lhe da descoberta pueril,
brincadeira de campo, na divisória da noite aconchegada de lençóis
de uma mãe e do dia que com ele cresce.
a
terra inalcançável, à deriva na piedade de dedos suados de ecrãs
simultâneos. tem-se
pena em rede. não
se é possível pulsar um don't like
numa infância a boiar. legitimamente,
refugiamo-nos no
quotidiano da
nossa distância,
na segurança circunstancial
de terra pisada por acaso.
arrasta-se a
rede, puxa-se sem descanso. arrastões
de boas intenções, rolhadas no hermetismo, na
censura sem
sociedade ponto verde, duma qualquer
garrafa perdida.
os
olhos desta gata não vêem o cadáver que a rede me arrasta.
ausentes dos
pixeis estão os meus filhos. um sonha,
outro brinca. porém
não consigo deixar de os ver ali, a boiar.
Nota: A imagem está propositadamente "extra-largo" por a vergonha que me produz. Afogo-me com ela, consciente da impotência do verbo...
Sem comentários:
Enviar um comentário