Não sou do tipo de grandes experiências gastronómicas. Gozam comigo a dizer que sou de tripa fraca e têm razão. A minha mulher é a primeira que me atira esse pouco atrevimento à cara quando inova pratos caseiros com aquele paladar atribuido apenas pelos seus temperos.
Na semana passada, tive a sorte de conhecer um grupo de pessoas do estado norteamericano do Wisconsin, da localidade de Ashland. Falei-lhe da nossa cultura transfronteiriça, de Espanha e, ainda mais, de Portugal. Pude falar de "wrestling" (a nossa greco-romana), de viagens no outro lado do mundo, de paisagens de sonho, do Bob Dylan e, inevitavelmente, do Donald Trump.
A ideia estereótipada dum povo tem-se graças a exemplos dum colectivo. Tem tanto de verdade como de injustiça para tantos que dessa verdade deveriam de ser excluídos.
Esta gente podiam, na sua maioria, não prestar muita atenção à nossa história, talvez a única coisa decente que a Europa agora pode dar ao resto do mundo, mas levaram um pouco do que por aqui vivemos para o Novo Mundo.
Para alguém, como eu, crescido no turbilhão das massas "série B" da indústria cultural americana, poder partilhar um pouco de si com malta da terra do Tio Sam, foi uma excelente experiência.
Antes de voltarem para, a ainda fria, Ashland, obsequiaram-me o desafio de comer um "snack" de carne de bisonte com bagas.
Esta tarde convidei o meu amigo Pedro L. Cuadrado a provar esta carne comigo. Como dois exploradores do inóspito gastronómico, acompanhados pelo tinto, terminámos a última revisão do "Dentro del Secreto" com o sabor forte do bisonte na boca. Esta talvez seja a única coisa de pioneiros que ambos temos... O travo a bisonte na boca.
Agradeço aos meus amigos norteamericanos esta atenção para comigo, espero poder devolvê-la um dia no seu país.
O bisonte já está no meu sistema digestivo e na minha memória fica um conselho por estes amigos dado: "Sê negrito ou itálico, mas nunca normal".
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