Poder fazer parte do dia-a-dia de quem emigra para ganhar o pão, nem que seja por uma semana, noutro país que não seja Espanha, é um privilégio do qual me sinto profundamente merecedor.
Em 24 horas pisei três países diferentes e falei três línguas diferentes. É inevitável fazer comparações, mas também é inevitável saber que fazer comparações quase sempre é perder tempo. Prefiro observar.
Espanha, Portugal e Inglaterra. Essa tríade com vértices em afectos como os que temos pela Deu e pelo Márcio, a nossa família africana, aquela que a minha mulher ganhou e nos deu para a vida.
Adormeço em Manchester, mais precisamente nos arredores de Rockport, e sei que estar aqui é algo tão necessário como o facto de gravar em palavras o que sinto.
Neste presente em que o Reino Unido se separa mais que geograficamente da Europa, em que há tantos movimentos extremistas baseados em ódios a movimentos migratórios, a credos, ao que quer que seja diferente, uno-me à coragem desta família para, através do trabalho duro (e que muitos ingleses não querem fazer), sentir que os lugares também se controem desde fora, mesmo que alguns pensem que os alicerces duma nação são uma base de cimento e areia puros... Uma casa não pode existir sendo só alicerces, essa verdade é tão importante como qualquer projeto de estabilidade que nos queiram vender.
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