Foi uma pena os meus avós não terem presenciado este momento. Só um país como Portugal poderia ter conquistado este troféu assim, a sofrer até ao final, com o capitão do navio fora da embarcação, a dar nas vistas pelas lágrimas com traças à mistura, a bater sem querer no treinador e nos colegas, mas, principalmente, sem o devido respeito pelo país anfitrião e adversário na final. Ganhou Portugal porque teve que ser, pela sorte que protege os trabalhadores, até mesmo os que costumam ter pouca. Ganhou a juventude. Ganhou o jogador da liga menor e quase desconhecido.
Mas a verdade é que eu já não estou em Portugal, a minha avó morreu e o meu avô já nem sem apercebe se a sua seleção ganha em 1960 ou em 2016.
Hoje deito-me a sentir-me emigrante, apesar das dezenas de quilómetros que me afastam do berço. Hoje deito-me com os gritos do vizinho Soares, na casa em frente no pátio, imaginados na memória.
Amanhã tudo isto será história. Portugal voltará a pagar as suas dívidas à Europa, mas neste 10 de Julho foi enorme!
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