domingo, novembro 13, 2016

Fim da semana

Estou cansado. Pouca paciência tenho. A semana termina e tenho a certeza de ter sido das mais determinantes que vivi na minha vida.
Primeiro, burocracia medonha e nada esclarecedora do que um gajo anda para aqui a existir.
Segundo, trabalho e local da labuta em clima de conflito entre pares. Tento abster-me do ridículo da situação, da falta de relações de afecto, sexuais mesmo, de alguns que canalizam a sua energia vital para isso. Sinto vergonha alheia por eles mas confesso estar já a afetar-me a sua conduta.
Terceiro, o Trump ganhou as eleições do país mais influente do mundo e tenho a certeza que isso vai afetar-nos negativamente a todos. Uso um eufemismo para não cair em pessimismo reforçado por uma intuição aguda.
Quarto, apresento o meu trabalho a gente disposta a prestar-me atenção. É bom para o ego e para a minha ética de trabalho, trabalhar arduamente como forma de respeito por aqueles a quem me dirijo. Na escola, nem sempre trabalho com este perfil de gente...
Quinto, estou a organizar-me para terminar outra etapa académica. Mais do que um título, é uma questão de determinação e vontade de que algum conhecimento não voe sempre com o vento...
Sexto, morreu o Leonard Cohen. Perdi o poeta da cassete original encontrada no banco da automotora e trazida para casa pelo meu pai. Talvez o único suporte de poesia por ele me oferecido enquanto jovem.
Sétimo, fiz gala de ser tão pouco rebuscado, fino, afinal tímido sem o aparentar. Fiz gala de ser quem sou, um tipo qualquer com muita coisa a fervilhar dentro e muita ambição de voar alto com os pés bem assentes no chão.
Oitavo, fui um pai presente mas irritado, visceral visível que se arrepende de não ser capaz de interpretar o papel do pai ausente que quando está compra o tempo com papel de notas de euro.
Estou cansado. Pouca paciência tenho. Gostava de poder rezar como quando acreditava em superpoderes divinos, milagres documentados em propaganda religiosa. Era tudo mais fácil mas mesmo assim prefiro entender estas semanas estranhas como responsabilidade nossa e não de Deus. Quanto muito, esta semana, pode ter sido vitoriosa para o Deus envangelista dos apoiantes do Sr. Trump, o tirano do penteado à base de laca.
Vou construir um muro ao redor de mim esta semana agora a começar. Prometo derrubá-lo quando tiver o exército preparado para proteger-me de mim mesmo.

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