sexta-feira, novembro 18, 2016

Triste parque esquecido...

Na cidade, os espaços dedicados às crianças costumam ser os parques infantis. É frequente, em várias zonas de influência, encontrar este mobiliário urbano gasto pela criançada e vandalizado pelos "nem, nem". Escorregas, baloiços e balancés, são o contacto que alguns dos nossos filhos têm com a natureza biomecânica dos seus corpos.
Não gosto de parques infantis. Se vou é porque não há alternativa ou porque é necessário ar da rua. Concordo com o que me diz uma colega de trabalho, uma analogia urbana e perfeitamente entendível para o citadino comum, "los niños tienen que sacarse a la calle a diario como los perros". Poucas vezes estamos de acordo.
Este Verão, a escassos metros do parque infantil da nossa área de residência, inaugurou-se uma infraestrutura invejável dedicada à pequenada, uma infraestrutura centrípeta que suga as brincadeiras para além do bairro e faz com que, miúdos e graúdos, ali se acumulem em uniformidade.
A empurrar o carrinho do mais novo e de mão dada ao mais velho, passei de largo, com a sentença lida de não haver tempo para nos juntarmos à maralha. Foi nesse momento que o meu filho mais velho me disse "papá, o parque sente-se triste".  Desconcertado, não o entendi à primeira. "Este não papá, o outro que já não tem meninos".
Não me atrevi a estragar tão belo sentimento de infância. Apertei-o contra a minha perna e anca com os seus cabelos arrepiados entre os meus dedos. "Não te preocupes, qualquer dia vamos lá fazer-lhe uma visita".

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