domingo, novembro 27, 2016

Viajante ou turista?

Dentro de mim sempre soube a resposta. Talvez nunca a tenha justificado por insegurança, por não parecer demasiado intelectual. Aí tenho outra lição a guardar.
Tive a oportunidade de questionar um grande escritor de viagens, o Gonçalo Cadilhe, onde existe a fronteira entre o viajante e o turista. O autor, a quem seguramente já fizeram esta pergunta mil vezes, não distingue um do outro, assume-se ambos, porque são o mesmo. Admite, no entanto, um pequeno matiz: a curiosidade. Esta característica talvez previligie um viajar mais autêntico.
O mundo,  esse "lonely planet" mapeado e com guias recomendados, não traz certezas absolutas, traz reflexões que nos remetem para a insignificancia do ser e do estar humano.
"Lá por gostares de foigrat não significa que tenhas de conhecer o ganso" relembrou um Gonçalo que teve a humildade de comparar o seu registo literário ao do Quim Barreiros. Simples e assumido para os outros, aqueles que na viagem já vão na mochila, aqueles cuja viagem é o livro da viagem.
Aqui podemos ter "cagança", dar classe às palavras, preterir umas a favor de outras, e classifico o Gonçalo de viajante e de um ganso com quem não me importaria conversar e conhecer melhor as rotas de voo...

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