Na Suiça, é comum os edifícios terem bunkers, fiscalizados de 5 em 5 anos, não vá o diabo tecê-las. Se alguém me contasse iria ter dificuldade em acreditar, mas vi para crer como São Tomé.
A neutralidade da história desta nação não lhe confere um estatuto de ingenuidade, todo o contrário, de cautela, precaução e estratégia. Vejo isso como sabedoria e visão a longo prazo.
Hoje, na Áustria, não muito longe donde nos encontramos, houve umas eleições renhidíssimas das quais sair vencedor, por escassos votos, o candidato dos verdes, seguido, quase ombro a ombro, pelo candidato de extrema-direita.
Ouro valem estes momentos partilhados com amigos, sem impedimentos de línguas e com crianças a crescerem iguais em oportunidades pelas convicções de quem as educa. Ouro imaterial, invisível para trocas de sobrevivência comercial, como a de tantos refugiados da história e do presente.
O Jorge receia o pior. É cauto como o país em que vive. Tem razão em sê-lo. Não o sou da mesma maneira porém entendo-o com a mesma certeza que tenho para com a minha intuição. Isso não significa que não deteste que ela tenha constantemente razão.
O tempo também deveria ter bunkers com compartimentos úteis para a sobrevivência da história, revistos com frequência e ensinados por lei... ou não... Talvez só lá se protegesse a história de alguns.
Este diário digital é um bunker de bytes, escrito para resistir ao olvido do cérebro de quem o escreve. Tem a arquitectura defensiva do betão e a consistência do papel. O que fará em caso de urgência? Apagar-se-á? De certeza que sim. Até lá pode ser que alguém o tenha lido, construa o seu próprio bunker e proteja a liberdade do seu próprio pensamento.
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