Palermo é a capital duma Sicilia que sempre me remeteu para os filmes do Francis Ford Coppola, para a pobreza emigrante e para a proteção dum padrinho. Nunca imaginei a possibilidade de aqui estar, contemplar o mediterrâneo enquanto provo uma iguaria daqui, a «carranchina», e falo com gente da terra, uma terra tão latina como as minhas.
Mas neste contemplar, algo cansado da viagem de ontem, nada faria adivinhar a notícia que chegaria de casa, da fronteira vigiada por causa da visita do Papa Francisco. A morte dum conhecido estimado, a tragédia absurda dum sofrimento que pode levar a atirar-se uma pessoa contra uma árvore, o fim duma vida e, quem sabe, rezo para que não, o tormento para outras.
Estou em Palermo, aparvalhado, mas rodeado de gente que a vida me deu o privilégio de conhecer. Longe de casa, é fácil sentirmo-nos culpados de termos embarcado na viagem, do apoio que não damos, mas é errado sentirmo-nos assim. Por mais que as imagens se assomem à minha mente, não fui eu quem escolheu que elas existissem. Apenas escolho não esquecer-me deste dia. Honrá-lo pela estima que tenho aos presentes e aos finados. Peço perdão por não conseguir mais, reconheço sentir-me palerma em Palermo.
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