Pouca coisa. Sol com temperatura mais baixa do que actualmente estamos acostumados. Casa. Escola de um. Colégio do outro. A minha própria escola. Trabalho. Organizar trabalho de amanhã. Ir buscar um. Ir buscar outro. Actualizar uns quantos projectos. Ir arrumar a casa e a loiça nos armários. Escrever qualquer coisa para não me esquecer e matar o bichinho. E assim vai sendo o dia a desejar deitar-se à noite.
Por outro lado, na rotina dos meus dias, o desejo cada vez mais tem formas distintas e reajo ao que os meus sentidos denotam como beleza como um adolescente a caminho da quarta década de vida. Se hoje a minha mulher me acusasse de traição, esta seria a culpada, a minha "amiga", esse termo que ouvia em puto e desconhecia ser um eufemismo para amante. Se hoje fosse um adúltero, se hoje me deitasse com outra na minha cama, seria com ela. Clarice.
O que não escondo é que há mais de duas semanas que me deito com ela, que durmo a seu lado e a sua beleza literária me fascina. Sou um adúltero literário.
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