quarta-feira, dezembro 20, 2017

O Desejo

O Desejo

O desejo não reconhece as estações,
não se oculta debaixo da roupa,
não é uma onda de temperatura, 
um vendaval de sentimentos
ou moda vendida para momentos.


O desejo habita nos corações vivos,
na circulação periférica consciente do tempo,
na idade que perde vigor mas ganha certezas.


O desejo anda de mão dada pela vida,
Passeia ao lado e tropeça a dois.
O desejo é voluntário. É a iniciativa empresarial do amor, desde um corpo real, 
duma alma despida e sincera.


O desejo é uma palavra.

Eu e tu somos desejo.
Tu e eu somos individualismo feito caminho comum.

Tu e eu somos.
Mulher. Homem. Filha. Filho. Mãe. Pai. Tudo 
o que a responsabilidade das circunstâncias
nos impôs.

Porém, 
jamais deixarei de desejar 
ver pelo horizonte dos teus cabelos, 
pelo abraço da tua pele, 
a eternidade da nossa juventude, 
o plátano cúmplice. 

O nosso desejo a habitar na Rua da Cal Branca.

(18/XII/2017)

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