segunda-feira, janeiro 29, 2018

Quando passas...

Quando passas a infância a brincar em frente de uma linha de caminho de ferro, cresces deparando-te com duas perspectivas dessa linha de horizonte: a possibilidade de viagem e a fatalidade do suicídio.


2 comentários:

  1. Li isto em antonio-gregorio.tumblr.com:


    “Os comboios são como grandes senhores aos quais é preciso prestar vassalagem.”

    Carlos Cipriano, “Guardas de passagem de nível”. Era a parte que eu preferia das visitas aos avós maternos (descontando a correria com os primos: sou filho único e os tios mais reprodutores são daquele lado da família, e permaneceram ali), numa localidade chamada, a propósito, Estação: ver o comboio passar, se a nossa ida ou vinda coincidia com as cancelas da passagem de nível fechadas. Estas localidades naqueles anos, debalde perto umas das outras (distâncias deveras praticáveis a pé ou a mínimos minutos de automóvel, ainda que velhos e, como ariadnes mecânicas, pingando óleo), eram ilhas, criadoras autónomas de memorabilia, e por isso cheias de exotismo para os ilhéus alheios. Nos Marrazes, por exemplo, havia a carreira de tiro militar cujos estampidos dos dias de exercício já nem ouvíamos; e na Estação, naturalmente, a passagem dos comboios, que os meus primos, naturalmente também (mas eu julgava que era acinte, snobeira contra mim), desconsideravam.

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  2. Curiosa descrição, ainda por cima localizada em Leiria, nos Marrazes... Obrigado amigo pela sugestão!

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