sábado, março 17, 2018

"Influencer"

Acabo de ver um debate sobre este presente hiperconectado. Redes sociais, suplantação de identidade, burlas, bullying, roubos de dados pessoais, enfim, tudo ao que estamos expostos se vivermos online. É claro que se tem de estar desperto para isto. Tem o mesmo perigo acutilante de qualquer lâmina, ou corta para o bem ou mata para o mal. 

Como interveniente no debate, de cabelo azul e visual sexy, lá estava uma millennial, como a própria referiu, quiçá para acentuar o bolor dos restantes tertulianos. Assume-se influencer, tem milhares de seguidores, passa 16 horas ligada à net e declara que a vida sem a world wide web «é uma merda!».

Arrojada e eloquente, recorrendo a metáforas de Internet feita sistema sanguíneo, atraente devo reconhecer, fez-me pensar na velocidade a que esta rapariga de 27 anos deve viver. Velocidade de banda larga, de cabos atados ao mundo artificial, que não deixa de ser mundo por ser artificial, não pensem. Eu não consigo viver tão rápido, tão distante da velocidade da natureza, que apesar desta confusão de estações, ainda continua a ter Outono, Inverno, Primavera e Verão. Sofro do estômago e nunca acompanharia Marinetti no seu movimento futurista, mas esta miúda fá-lo-ia com estilo. 

No entanto, acho que gostava de ver estes influencers influenciarem os seus "milhões" de seguidores a viverem à velocidade que bem entenderem, sejam eles seguidores de carne e osso, comprados com o peso da influência, ou de bytes e bites, influenciados por um clique de 20€ descontado no cartão de crédito em forma de mecenato. Acho eu, que sou da geração "rasca", uso internet duas ou três horas por dia (quase sempre para trabalhar), não tenho seguidores (assusta-me um bocado a palavra) e declaro que a vida, com ou sem world wide web, tanto pode ser merdosa como bela. 


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