Hoje, debaixo da bicicleta do meu filho mais velho (alugada na Plaza de Hércules em Sevilha), assistimos a este gesto. Fotografei-o emocionado a lembrar-me do velho Padre Eterno e do «Melro» da sua velhice, lido em voz alta na minha juventude:
"(...) Tudo o que vive ri e canta e chora...
Tudo foi feito com o mesmo lodo,
Purificado com a mesma aurora.
Ó mistério sagrado da existência,
Só hoje te adivinho,
Ao ver que a alma tem a mesma essência
Pela dor, pelo amor, pela inocência,
Quer guarde um berço, quer proteja um ninho!
Só hoje sei que em toda a criatura,
Desde a mais bela até à mais impura,
Ou n'uma pomba ou n'uma fera brava,
Deus habita, Deus sonha, Deus murmura!..."
Guerra Junqueiro
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