domingo, setembro 30, 2018

Paula

É pequenita, discreta e ainda não tive tempo de observar se é solitária. Senta-se ao lado do "Antonio" e chama-se Paula. Apesar das poucas aulas que tivemos, três ou quatro, a Paula vem sempre cumprimentar-me com um sorriso e despedir-se com votos de um resto de bom dia ou fim-de-semana, como foi hoje o caso. Diria mesmo que me dá a sensação de pedir-me um abraço (algo que não me atrevo pelo medo de possíveis interpretações perversas que tal gesto pudesse ter). 

Confesso, não estou habituado. A maior parte das vezes, a caminhar pelos corredores da escola, nem me retribuem os «olás» e os «bons dias». Os alunos tendem a ignorar a amabilidade, a cortesia e o mesmo se passa com alguns adultos com quem partilho profissão, uns quantos, na verdade.

Em época de «influencers», esta menina pouco ou nada tem que a fizesse um ícone a seguir nas redes de sociabilidade dos «teenagers». É pontual, estuda, fala quando tem de falar, traz o material, é educada e é cordial, enfim, uma «nerd» para os padrões da época. E o pior é que a sociedade, alguns dos seus colegas, encarrega-se de pôr de parte gente assim. Triste sociedade em que ser amável é uma fraqueza e não uma virtude...

(Se leste até aqui, muito obrigado pela tua atenção.)

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