sexta-feira, dezembro 07, 2018

«Toda a verdadeira vida é encontro» (Martin Buber, «Eu e Tu»)

Lembro-me de ter apontado esta citação de Martin Buber, «Toda a verdadeira vida é encontro», quando li esse clássico de Savater, «Ética para um jovem». Já passaram uns anos desde que li essas fotocópias que não respeitavam o copyright deste notável filósofo, mas que possibilitam o meu bolso, sem grandes fundos, ir formando-se academicamente e como pessoa.
Ainda ando às voltas com ambas formações. Antes não as dissociava, porém a académica apenas pesa por um desejo de ver em papel os anos que se vão acumulando a pesquisar e a investigar por «amor à arte». A pessoa não precisa de certificados e espero que tenha preponderância sobre todos os outros âmbitos. Vou tentando.
Esta semana foi rica de encontros, logo, lembrando Buber, foi rica em vida. Por questões académicas a minha pessoa desfrutou da presença de um ser humano que a enriqueceu. Na Fundação António Quadros, no trilho das vidas de António Ferro e Ramón Gómez de la Serna, tive o prazer de conhecer (e sei que posso dizer «estabelecer amizade») a sua presidente Mafalda Ferro. 
Por entre livros, epístolas, documentos interessantíssimos e inéditos para inumeráveis estudos e teses, foram as pausas, o seu bem-receber, o seu humor, a sua cultura, a sua sensibilidade e o nosso espírito falador, o melhor desses três dias passados em Rio Maior.
A Fundação António Quadros, reúne o espólio de três vidas, as de António Ferro, Fernanda Castro e António Quadros, no entanto, e sem desprimor para os demais herdeiros, uma mais, a da Mafalda, pelo zelo com que mantém os alicerces desta instituição de interesse público.
Já de volta a casa, e já fora dela outra vez, a pôr o cadeado nas bicicletas que nos têm transportado nestes dias, encontra-me uma pessoa que não esperava. Creio que veio cumprimentar-me por algo mais que educação. Posso estar enganado, não encontro razão para interesses ou segundas intenções, pareceu-me estima. Fico contente e cada vez sinto mais que com isso me basta. 
Obrigado Mafalda, obrigado a essa pessoa cuja identidade talvez outro dia revele, na vossa presença, e mesmo rodeado de tantas coisas fascinantes, continuo a lembrar-me desta citação. Até um próximo encontro!

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