terça-feira, julho 30, 2019

"Em Silêncio" - Thomas Merton (1915-1968)


"Em Silêncio" - Thomas Merton (1915-1968)

Não te mexas,
ouve as pedras do muro.
Fica em silêncio, estão
a dizer o teu

nome.
Ouve
a vida dos muros.
Quem és tu?
Quem
és? De quem
és silêncio?

Quem (não fales)
és tu (tal como não falam
estas pedras). Não
penses no que és,
menos ainda no que algum dia pudesses ser.
Em vez disso,
sê o que és (mas quem?), sê
o impensável
que não conheces.

Ah, cultiva a quietude, enquanto
ainda estás vivo,
e vivem todas as coisas ao teu redor,
falando-lhe (não as oiço)
ao teu próprio ser,
falando pela boca do Desconhecido
que está em ti e nas próprias coisas.

“Serei, como elas,
o meu próprio silêncio:
e em verdade isso é difícil. O mundo
inteiro está secretamente em chamas. As pedras
ardem, inclusive as pedras
me abrasam. Como pode um homem
            permanecer calmo
a ouvir todas as coisas a arder? Como se pode
            atrever a
sentar-se ao seu lado, quando
todo o seu silêncio
é fogo?”.

(Versão de Luis Leal)

Thomas Merton (1915-1968)


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