Sei que dizer-te amo-te não satisfaz o infinito a habitar em tudo o que te digo e no que sinto. Talvez por isso tenha abandonado os poemas e canções de amor na gaveta da adolescência, protegidos em cadernos de palavras minhas escritas pelo teu punho e letra.
Na época, não sabia que jamais saberia escrever sobre amor, apesar do tentar ao lançar-me do sentimento para a palavra. Emulava poetas para transcrever-te o meu coração. Aceitei a tradição, os versos, mas o meu coração ultrapassava a métrica e só não entrou em síncope porque o aceitaste tão acelerado quanto frágil. Fizeste-me poeta sem ter lido suficientemente a vida para o ser. Só de ti aceito esse destino, porque todos os dias sei que dizer-te amo-te não satisfazará o infinito a habitar em tudo o que não te poderei dizer e em tudo o que a mortalidade do meu corpo não me permitirá sentir. A minha alma diz-me que não o sou, porém a tua contradi-la. Só sou e serei teu. Poeta.
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