Conseguir algo intimamente desejado já não me parece uma vitória ou uma mentira. Não nego a felicidade de ter logrado o que até foi difícil, exigindo abnegação e esforço. Porém, não me iludo. Imóvel a olhar este dia, a vê-lo com distância de mim mesmo, e quem vejo não sou eu. Vejo aqueles que me alentaram a desejar, a continuar a tentar. Vejo principalmente duas pessoas que já não estão e a quem não pude telefonar para dar uma boa-hora.
Estariam orgulhosos. Sei-o desde dentro, desde o meu coração onde habitam. Cada letra que aprendi a conjugar em sílabas, que se converteram em palavras, em frases apontadas por aí, não esconde que advém dum mundo iletrado.
A felicidade pode ser real sem ser partilhada, mas não é a mesma coisa se tivermos afectos ao nosso lado. Tenho a certeza.
Continuo imóvel, mas o meu olhar já não se centra em mim. Observo o vazio. Não há euforia. Vejo afabilidade. Vejo um dia a acabar.
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