segunda-feira, fevereiro 17, 2020

Diário

Debate-se uma vez mais a eutanásia. Quase em simultâneo, em Portugal e em Espanha. Leio na imprensa e oiço na rádio de tudo um pouco. Tende-se a simplificar, a erguer verdades que não são de ninguém mais excepto do próprio que as enuncia.
«Conocer nuestro fin es toda la verdad que permanece», é um verso que me surge num livro ao qual estou agarrado neste outro fim, o do meu dia. Aponto-o para não me esquecer dele.
Tão-pouco me esqueço de, na minha juventude ter defendido o peso da cruz, o desígnio inquestionável do Altíssimo. Fi-lo em público, num grupo de amigos que se reunia à sexta-feira para debater o mundo e depois ir beber uns copos em pleno florescer adolescente. Não me arrependo. Como dizia o António Ferro (no seu caso para se escapar aos seus «levianos» anos 20), «esse fui eu, mas já não sou eu».
Uma horda de invasores bárbaros apoderaram-se do jovem católico e fizeram dele um homem de silêncios inquestionáveis. O silêncio para alguns pode ser um necessário fim. Entendo essa necessidade e não a perverto com qualquer utilidade de Estado. É pura condição humana e a mesma não me obriga a abraçar esse silêncio.
Contudo, no meio de tanto ruído que nos provocam certas circunstâncias da existência, gostava de, ao contrário do que aconteceu quando vim ao mundo, se necessário, ter a última palavra se necessitar ir-me para outro mundo.

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