quarta-feira, julho 15, 2020

“Apagar-me-ei na distância” – Carlos Criado (Foto “En la espera” de Antonio Soriano)

Apagar-nos-emos na distância? É uma pergunta que me faço constantemente nestes tempos e para a qual na arte tenho encontrado algumas respostas. Como neste belo catálogo Voyage, Voyage com poemas de Carlos Criado e fotos de Antonio Soriano (cuja exposição podem ver na Galeria da Fundación Caja Badajoz na mesma cidade) e no qual tive o prazer de colaborar com umas palavras nas páginas introdutórias.
Apesar da distância imposta pelo presente, na distância existe um imenso espaço passível de habitar, como neste poema “Apagar-me-ei na distância” de Carlos Criado acompanhado pela foto “Na espera” de Antonio Soriano.

¿Nos borraremos en la distancia? Es una pregunta que me hago constantemente en estos tiempos y para la cual en el arte he encontrado algunas respuestas. Como en este bello catálogo Voyage, Voyage con poemas de Carlos Criado y fotografías de Antonio Soriano (cuya exposición podéis ver en la Galería de la Fundación Caja Badajoz de la misma ciudad) y en el cual tuve el placer de colaborar con unas palabras en las páginas introductorias.
A pesar de la distancia impuesta por el presente, en la distancia existe un inmenso espacio pasible de habitar, como en este poema “Me borraré en la distancia” de Carlos Criado acompañado por la foto “En la espera” de Antonio Soriano.


“Apagar-me-ei na distância” – Carlos Criado (Foto “En la espera” de Antonio Soriano)

Apagar-me-ei na distância
com o eco enferrujado dos comboios que o vento arrasta para além da tarde.
Perder-se-á o voo branco do meu vestido naquela manhã de domingo,
a tua carícia a tremer na nossa praia infinita,
a minha mão apertada sobre a tersa fruta do Verão.
O vagão parar-se-á então com a sua voz amarela,
pagará a minha viagem com as duas moedas que dos meus párpados irão para o [barqueiro
e já nada restará de mim.
Pode ser que pressintas a minha sombra
após um suspiro embaciado nos vidros cheios de pó
nos quais talvez desenhes, uma tarde qualquer,
uma tarde como esta.
algo parecido ao meu nome.

Carlos Criado [trad. Luis Leal]

Carlos Criado e Antonio Soriano, Voyage, Voyage, Badajoz, Fundación Caja Badajoz, 2020, p. 19.


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