terça-feira, setembro 15, 2020

A parreira (Agosto, 2020)

Plantei uma parreira há um ano. Uma pequena estaca que comprei em Évora, mas que vem sei lá de onde. Sei que é uva tinta e este Verão já deu um cachinho provado entre todos cá de casa.
Agora estou a olhar para ela a crescer amparada pela pérgola e a ver como as folhas, tão naturalmente recortadas, respondem a este vento que tem moldado quase todas as árvores do nosso terreno. 
O ar, a refrescar pouco esta tarde de Agosto, é de solidão. Os cães andam por aqui. O Donnie esteve bastante tempo aos meus pés, mas já aqui não está. Contudo, esta tarde tem o horizonte marcado pelo monte que tanto protege como oculta este nosso pequeno lugar no mundo. Sinto o peso do presente e não é à boa maneira latina. Tento afastá-lo de mim e embriagar-me só com este momento lento em que me sento à sombra a observar uma parreira. 

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