sábado, julho 09, 2022

Sei muito bem o que é a sede...

Sei muito bem o que é a sede. Sei no meu corpo mas principalmente na minha alma. Sei desde tenra idade o que é uma seca e lembro-me de ver procissões na minha cidade a pedir intervenção divina para chover (já me aconteceu, quando o menciono, alguma gente não acreditar). Sei o que é um animal morto sem nada para beber, sei o que são árvores condenadas pelas raízes secas. Sei o que é ter mais de um poço sem uma gota. Portanto, e sem qualquer metáfora existencial, sei muito bem o que é viver escasso de nascentes. Eis o meu desprezo pela má gestão dos recursos hídricos e pela falta de solidariedade daqueles que exploram furos, barragens, rios ou nascente sem qualquer preocupação com os seus semelhantes, negando ao futuro o que as gerações anteriores nos ensinaram que moralmente não se nega a ninguém ("nem ao nosso pior inimigo"): a água. 
Escrevo isto com uma temperatura superior a 40 graus, a ver o fumo de um incêndio florestal no horizonte, e a lembrar-me do que sempre me matou a sede foi a generosidade de quem menos água tinha e a cuidava como o bem precioso que é: os meus avós maternos. Este pucarinho era seu e continua a matar-nos a sede.
Sé muy bien lo que es la sed. Lo sé en mi cuerpo pero principalmente en mi alma. Sé desde temprana edad lo que es una sequía y me acuerdo de ver procesiones en mi ciudad pidiendo intervención divina para que lloviera (ya me ha pasado que gente no me cree cuando lo menciono). Sé lo que es un animal muerto porque no tiene nada para beber, sé lo que son árboles condenados por las raíces secas. Sé lo que es tener más que un pozo sin una gota. Por lo tanto, y sin cualquier metáfora existencial, sé muy bien lo que es vivir escaso de manantiales. Aquí está el motivo porque desprecio la mala gestión de los recursos hídricos y la falta de solidaridad de los que explotan pozos, embalses, ríos o manantiales sin cualquier preocupación por sus semejantes, negando al futuro lo que las generaciones anteriores nos han enseñado que moralmente no se niega a nadie ("ni a nuestro peor enemigo"): el agua.
Escribo esto con una temperatura por encima de los 40 grados, viendo el humo de un incendio forestal en el horizonte, y recordando que lo que siempre me ha matado la sed ha sido la generosidad de quien menos agua tenía y la cuidaba como el bien precioso que es: mis abuelos maternos. Este vaso era suyo y sigue matándonos la sed. 

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