"Falar da mãe é tocar alguma coisa ardentemente intransmissível, mas que permite aceder a um património que todos podemos reconhecer nosso. Abeirar-se da mãe é referir-se à arqueologia do ser, ao que tem de inexplicável a matéria viva, ao seu segredo ramificado e ao esplendor que se torna provisão. É refletir por dentro como essas flores femininas são grandes barcos em espiral que congeminam a viagem, se tornam para nós componentes do universo, coletes de salvação de espaço a espaço, áureos e frágeis vocábulos de uma língua que não se assujeita à impostura." - José Tolentino Mendonça, "Misericórdia", Revista Expresso, 28/10/2022
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