quinta-feira, janeiro 17, 2008

O Fado da minha terra...


Há muito tempo que não tinha oportunidade de divagar por estes “senderos”, que não podia partilhar os passos que tenho dado por estes caminhos às vezes originais, interessantes, de conhecimento, mas também “minados” de bostas de vários tipos…
Enfim, hoje escrevo sobre um tema que já abordei faz tempo mas que me fez reflectir outra vez… já sabem como sou, sempre a divagar sobre parvoíces…
No dia em que soube que Edmund Hillary (o primeiro homem no topo do Chomulungma, ou também “ocidentalmente” chamado Everest) falecera e que empreendeu a derradeira expedição, tive a oportunidade de passar o serão, na companhia de uns bons amigos, numa casa de fados da cidade que me viu nascer. Até aqui tudo bem (excepto o idoso Hillary, coitado!), mas, a páginas tantas de uma noite de boa música, começou a irritar-me o ar solene que reveste este estilo chamado fado. O constante “xiuuu” porque se vai cantar o fado, durante mais de duas horas fez-me ver que aquele ambiente não tem muito a ver comigo, não se tratando de gostar, ou não, de fado, trata-se, sim, e tendo em conta o que senti, do carácter anti-social e elitista que alguns podem incutir a este estilo de música… pois, sinceramente, houve vezes em que pensei que não estava numa casa de fados e fiquei confundido se era um fadista ou um cura a pregar a sua homilia… ou algum "tio" a mostrar à família que também pode cantar esganiçando os bofes cá para fora!
Não opino que se deva estar a falar alto, a rir à gargalhada, ou aproveitar para atender o inoportuno telemóvel, mas também penso que ambientes assim são contagiosos pela sua solenidade e formalismo… Sinceramente dispenso.
Mas há sempre uma luz, uma simpatia que rompe com estes cânones que pouco têm que ver com a raiz popular de uma manifestação cultural riquíssima e essa foi, sem dúvida, Rita Ribeiro, que, com alegria e prazer, partilhou a sua voz com os demais, mostrando que o fado também é coloquial, de trato humano… apesar de ter estado num "big brother" dos famosos!
O fado, por si só, não é algo que transmita euforia, é baseado numa sobriedade que pode levar, em extremo, a uma coisa que abomino no ser humano e que denomino, perdoem-me a expressão, “atitude de cu fodido”… como tal, não me mandem calar, que eu sei respeitar que canta! Não me façam “xiuuu”, quando eu comento, ao ouvido de um amigo, “que bela voz tem este fadista”! Não me digam que tenho que fazer parte de uma pseudo-elite, uma vez que o fado é de todos que o amam (e isso não inclui só portugueses), e não me digam que o fado é triste só porque existe… A esses tenho de replicar: “agarre no seu xaile, na sua atitude de marialva e pode enfiá-los pelo orifício que tem ao fundo das costas!”

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