sexta-feira, novembro 23, 2012

Pois e Pois pois (Alexandre O'Neill)


Lemos aqui um dia Pois pois, de Alexandre O'Neill. Faltava-nos o Pois, que estava na página anterior do livro. Porque não ler os dois de seguida?


POIS

O respeitoso membro de azevedo e silva
nunca perpenetrou nas intenções de elisa
que eram as melhores. Assim tudo ficou
em balbúrdias de língua cabriolas de mão.

Assim tudo ficou até que não.

Azevedo e silva ao volante do mini
vê a elisa a ultrapassá-lo alguns anos depois
e pensa pensa com os seus travões
Ah cabra eram tão puras as minhas intenções

E a elisa passa rindo dentadura aos clarões.


POIS POIS

Sobre o tampo da mesa
Rabo de Cavalo cotovelo-groselha
defronta Patilhas Grisalhas cerveja-cotovelo

Falam de dominguins versus ordoñez
de hemingways na brecha na querela
do assassino mano a mano

Falam a ouro e a sangue no ruedo de mármore

Sob o tampo da mesa
três joelhos conversam roçagantes:
o dele (sarja) entre os dela (nylon).

Rabo de Cavalo está quadrada.
Patilhas Grisalhas então entra a matar.

O sobre e o sob logo se confundem.
Que prometia (olé) o cartaz dele? 



Do seu livro Entre a Cortina e a Vidraça (1972)



(A fotografia é de Carol Mulek)



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