Lemos aqui um dia Pois pois, de Alexandre O'Neill. Faltava-nos o Pois, que estava na página anterior do livro. Porque não ler os dois de seguida?
POIS
O respeitoso membro de azevedo e silva
nunca perpenetrou nas intenções de elisa
que eram as melhores. Assim tudo ficou
em balbúrdias de língua cabriolas de mão.
Assim tudo ficou até que não.
Azevedo e silva ao volante do mini
vê a elisa a ultrapassá-lo alguns anos depois
e pensa pensa com os seus travões
Ah cabra eram tão puras as minhas intenções
E a elisa passa rindo dentadura aos clarões.
POIS POIS
Sobre o tampo da mesa
Rabo de Cavalo cotovelo-groselha
defronta Patilhas Grisalhas cerveja-cotovelo
Falam de dominguins versus ordoñez
de hemingways na brecha na querela
do assassino mano a mano
Falam a ouro e a sangue no ruedo de mármore
Sob o tampo da mesa
três joelhos conversam roçagantes:
o dele (sarja) entre os dela (nylon).
Rabo de Cavalo está quadrada.
Patilhas Grisalhas então entra a matar.
O sobre e o sob logo se confundem.
Que prometia (olé) o cartaz dele?
Do seu livro Entre a Cortina e a Vidraça (1972)
(A fotografia é de Carol Mulek)
1 comentário:
Belíssimos "membros" poéticos!
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