segunda-feira, setembro 28, 2020

Umas palavras de Oscar Wilde

 


A ambição é o último refúgio do fracasso.

O primeiro dever na vida é ser tão artificial quanto possível. Em que consiste o segundo dever... ainda ninguém descobriu.

Amar-se a si próprio é o princípio de um romance para a vida inteira.

Em todos os assuntos de pouca importância o que conta realmente é o estilo e não a sinceridade. Em todos os assuntos IMPORTANTES, o que conta realmente é o estilo. E não a sinceridade.

Se alguém diz a verdade, esse alguém será, seguramente, tarde ou cedo, apanhado.

Nada que realmente tenha acontecido tem a menor importância.

A maldade é um mito inventado pelos sensaborões para diminuir a capacidade de sedução dos outros.

Aqueles que vêem alguma diferença entre a alma e o corpo é porque não possuem nenhuma das duas.

Se os pobres apenas tivessem perfis, não seria difícil resolver o problema da miséria.

As religiões morrem quando se prova serem verdadeiras. A Ciência é o registo das religiões mortas.

Os bem-criados contradizem outras pessoas. Os sábios contradizem-se a si próprios.

A casa de um botão realmente bem feita é a única ligação entre a Arte e a Natureza.

O aborrecimento é o envelhecimento da seriedade.

O Prazer é a única coisa para que se deve viver. Nada envelhece tão bem como a felicidade.

Só não se pagando as contas é que se pode esperar perdurar na memória das classes comerciais.

Nenhum crime é vulgar, mas toda a vulgaridade é um crime. A vulgaridade é o comportamento dos outros.

Só os superficiais se conhecem a si mesmos.

O tempo é uma perda de dinheiro.

Deve ser-se sempre um bocadinho improvável.

Deve ser-se uma peça de arte ou vestir-se uma.

Há uma espécie de fatalidade sobre as boas resoluções. São feitas invariavelmente cedo de mais.

A única forma de se redimir por estar ocasionalmente um pouco vestido de forma excessiva é ser sempre excessivamente educado.

Quaisquer preocupações com ideias ou com o que está certo ou errado no comportamento demonstra um desenvolvimento intelectual tacanho.

Uma verdade deixa de ser uma verdade quando mais do que uma pessoa acredita nela.

Nos exames, os idiotas fazem perguntas a que os sábios não podem responder.

A roupa grega era na sua essência pouco artística. Nada deve revelar o corpo a não ser o próprio corpo.

São apenas as qualidades superficiais que perduram. A natureza profunda do homem acha-se depressa.

A Indústria é a raiz de toda a feiura.

As eras vivem na história através dos seus anacronismos.

Apenas os deuses saboreiam a morte. Apolo faleceu, mas Jacinto que, segundo os homens, o fez andar à roda, vive. Nero e Narciso estão sempre connosco.

O velho acredita em tudo: o de meia-idade desconfia de tudo: o jovem sabe tudo.

A condição necessária para a perfeição é a preguiça: o cume da perfeição é a juventude.

Só os grandes mestres de estilo são bem sucedidos a ser obscuros.

Há qualquer coisa de trágico sobre o grande número de jovens que existe em Inglaterra neste momento, que começa a vida com perfis perfeitos e que acaba por adoptar alguma profissão útil.

Ser prematuro é ser perfeito.

Oscar Wilde, in Poemas em prosa, tradução de Possidónio Cachapa, introdução de Urbano Tavares Rodrigues, edição bilingue, Cavalo de Ferro, Dezembro de 2002, pp. 31-34.


"Frases e filodofias para uso dos jovens", mensagem no blogue antologia do esquecimento (4 de março de 2016)



Até as mãos mais calejadas...

Até as mãos mais calejadas não são ásperas para o toque, para a amizade de um cão. Pulsações baixas. Reciprocidade. Gratidão. 

domingo, setembro 27, 2020

Delitos de uma infância (Celeste)

 
Delitos de uma infância

As imagens não me são tão nítidas. Hoje do topo dos meus 40 anos, creio que olhar por trás dos olhos daquela criança que fui, posso ser traída e induzida ao erro. Mas sempre que revisito aquele lugar, sim, sempre retorno lá, as lembranças surgem. Brotam como néctar pra'uma abelha. Os gostos, os aromas, vêm à mente instantaneamente. A casa era de uma tinta amarelada, encardida, descascada. O seu interior também não contava com muito luxo, era o lugar propício para a imaginação fértil das crianças que ali se encontravam impreterivelmente aos fins de semana. Os cômodos eram grandes, os móveis eram poucos. E os que tinham, eram gastos, surrados. Localizada aos fundos do quintal. Naqueles tempos costumávamos ter quintais enormes, com grandes espaços reservados aos canteiros de terra, como aqueles que eu encontrava nessa casa. A casa da minha infância, era o cenário perfeito! Atrás dela havia ainda, mais terra; um grande terreiro seguido de um galinheiro. Sim, também costumávamos ter galinhas e outros animais caseiros, sejam eles pra consumo ou companheirismo nas poucas horas destinadas a solidão. Na frente da casa, na lateral esquerda, colados ao muro limítrofe com o vizinho, havia um pé de romã, uma roseira e várias outras plantinhas medicinais. Muitos chás de poejo e hortelã tomavámos a fim de curar gripes e outras maledicências infantis. Ali também ficava o único espaço revestido, e era de uma lajota barata qualquer. Aliás tudo ali, era muito simples, coisas que demandavam poucos recursos. Caras somente, as coisas que não se podiam comprar, talvez nem se podiam apalpar. Alcançáveis somente através da imaginação e criatividade daquelas crianças, na maioria consanguíneas. Criavámos mundos inabitáveis por qualquer um que não soubesse sonhar. Imaginávamos os mais diversos personagens, que na maioria das vezes utilizavam fantasias que desfaziam-se com um bom banho quente no final do dia.Tinha dias que devastávamos florestas. Em outros navegávamos os sete mares. Éramos bruxas e fadas; bandidos e mocinhos num só dia. Roubavámos amoras e goiabas da casa vizinha, ou afundávamos o dedo no bolo posto pra esfriar... Confesso. Eu cometi aqueles delitos.


Celeste



sexta-feira, setembro 25, 2020

Uma fotografia de Margaret Bourke-White

 


Margaret Bourke-White (1904-1971), Child Admiring the Toys in Higbee's Window Display, Downtown Cleveland (1934).

 

 

quarta-feira, setembro 23, 2020

Desenterrar os mortos para os poder enterrar dignamente...

Tinha 88 anos e viu o seu pai ser desenterrado de uma vala comum na Andaluzia. Chorou-o num esqueleto amontoado entre tantas outras ossadas de gente fusilada. 
A sua dor esteve soterrada durante décadas. Já no fim da vida, pôde fazer o luto e, com os restos do seu pai, viver o que lhe restava de vida. 
Tempo atrás, quando cheguei para viver em Espanha, ao ouvir falar destes movimentos da "Memoria Histórica", pensava que o melhor não era coçar as feridas do passado,  não cair nessa tentação, pois assim se poderiam sarar as chagas da Guerra Civil. Pouco depois, já em Badajoz, conheci o Enrique. Homem bom, sábio, honesto e um profissional hoje jubilado, porém ainda a exercer no coração dos ex-alunos.
Jamais esquecerei o que me disse, à beira da máquina de café da sala de professores:
"- Luis, ¿por qué coño no podré enterrar a mi abuelo si sé que está muerto en una cuneta junto a una carretera?"
Nesse momento, e até hoje, esse morto numa valeta extremeña qualquer, deixou de ser só do Enrique. O seu avô é alguém que também para mim, na minha consciência, necessita uma última morada digna.

Mad Max 2 (and his dog)

terça-feira, setembro 22, 2020

Vitorino - Saias da Vila do Redondo

 


SAIAS DA VILA DO REDONDO

Do Castelo do Redondo
Avista-se o Alandroal,
Vêem-se terras de Espanha,
Metade de Portugal.

Já não há quem queira dar
Uma filha a um ganhão,
Estão à espera que lhe tragam
Das Índias um capitão.

Já não há quem queira dar
Uma filha a um louceiro,
Estão à espera que lhe tragam
Do Brasil um brasileiro.

Vitorino


Recolha e adaptação de Vitorino Direcção musical, arranjos e viola campaniça, pífaro de Barcelos, guitarra portuguesa, cavaquinho, viola e viola-baixo acústica de Pedro Caldeira Cabral.



"Depois da queda de Badajoz" - Mário Neves (in "Diário de Lisboa", 16/VIII/1936, através de Luís Farinha)




 

segunda-feira, setembro 21, 2020

Rocky and Mickey

"Canção de Outomno" - Fernando Pessoa (Desenho de Cottinelli Telmo, 1922)

Na estranheza deste Outono a assomar-se às nossas janelas, espreito para as páginas de uma velha revista e vislumbro uma “Canção de Outomno” de Fernando Pessoa (com ilustração do Cottinelli Telmo). Como com vários poemas, fico às voltas com um verso e aponto-o nos meus papéis. Sem qualquer tipo de vivência heteronímica, acho que entendo este “Outomno” de Pessoa, pois também “Eu já não sou quem era”...



Fernando Pessoa, “Canção de Outomno” (desenho de Cottinelli Telmo), Ilustração Portuguesa, nº 832, Lisboa, 28/I/1922, p. 86.

domingo, setembro 20, 2020

sábado, setembro 19, 2020

Uma voz na cabeça...

Há uns tempos, o X, o meu filho mais novo, desde a sua perspectiva dos cinco anos, disse-nos que tinha uma voz dentro da cabeça.
Tanto eu como a E., a sua māe, ficámos atentos pois nestas idades (ainda mais no seu caso que está a ser criado em dois duas realidades culturais e linguísticas tão semelhantes, porém essencialmente diferentes) pode ser indicativo de coisas a ter em conta no seu desenvolvimento psicológico e cognitivo. Felizmente, após aprofundarmos um pouco a conversa com ele, ficámos descansados. 
O X. é uma criança normalíssima, cujo sorriso é uma das principais características, tal como a teimosia e as cantorias em qualquer hora do dia. Nesse dia em que nos falou de tal voz apenas nomeou, pela primera vez, uma abstração silenciosa: o seu pensamento.

Jim Belushi and his best friend Taro

"Calles vacías, balcones con vida" - Francisco Javier Oreja Minimo

terça-feira, setembro 15, 2020

A parreira (Agosto, 2020)

Plantei uma parreira há um ano. Uma pequena estaca que comprei em Évora, mas que vem sei lá de onde. Sei que é uva tinta e este Verão já deu um cachinho provado entre todos cá de casa.
Agora estou a olhar para ela a crescer amparada pela pérgola e a ver como as folhas, tão naturalmente recortadas, respondem a este vento que tem moldado quase todas as árvores do nosso terreno. 
O ar, a refrescar pouco esta tarde de Agosto, é de solidão. Os cães andam por aqui. O Donnie esteve bastante tempo aos meus pés, mas já aqui não está. Contudo, esta tarde tem o horizonte marcado pelo monte que tanto protege como oculta este nosso pequeno lugar no mundo. Sinto o peso do presente e não é à boa maneira latina. Tento afastá-lo de mim e embriagar-me só com este momento lento em que me sento à sombra a observar uma parreira. 

segunda-feira, setembro 14, 2020

Um adeus em português para ti Pablo...

Não posso deixar que a falta de palavras me impeçam de honrar a tua memória. É difícil, principalmente porque nos dias que correm extinguirem-se vidas luminosas não ajuda a que vejamos o fundo do túnel. 
Já cá não estás amigo Pablo. O meu amigo Pablo que, em Valencia de Alcántara, se despediu antes de abandonar o ensino secundário com os versos do Zeca de "em cada esquina um amigo, em cada rosto igualdade" num papelito que habita por aqui no interior de um livro e em mim.
Pablo foste meu aluno, ou eu teu, pois, apesar dos problemas cardíacos, do transplante a que foste sujeito ainda na adolescência, nos anos que estivemos juntos nunca te ouvi uma queixa, nunca te vi a querer um tratamento especial, nunca te vi uma má cara. Ao contrário, sempre te vi um sorriso, um gesto amável e um abraço, como o que me deste, nem sequer há um ano, quando te encontrei a viver na minha cidade, feliz por estares no teu trabalho.
Eras um ser cheio de luz e vida que nos tocou com os teus raios... E como eras bom a falar português, o meu Pablo com a sua excelente oralidade que fazia que não estudasses a parte formal da língua e confiasses no teu excelente ouvido. 
Fizeste bem Pablo, estudar demasiado é uma perda de tempo e o teu foi escasso. Obrigado por o partilhares connosco e comigo, tão inexperiente, ao leme das nossas aulas. Na esquina onde nos voltarmos a encontrar já não haverá tempo, mas sei que nos reencontraremos a sorrir.
Adeus Pablo, em português, como sei que gostarias...

Luis Leal

"Para Avô e Tia", Monte das Águias (Brotas)

            Talvez não tenha sido casualidade hoje ter encontrado este postal enviado pelo meu pai ao seu avô Luis e à sua tia Elisa num velho álbum que herdei da mesma e, depois de mim, provavelmente cairá no esquecimento.

            O meu pai ia a caminho da Guiné, a caminho de uma guerra que ele, e a sua geração, foi obrigado a lutar por um regime podre, caquético, porém ditatorial. Hoje só se nos pede que nos protejamos e protejamos os outros com uma simples máscara por causa deste raio de vírus. Eu só tenho vergonha quando oiço alguns de nós a queixarmo-nos por tão difícil sacrifício...

             

           

[De H. Pinto para Avô e Tia, Monte das Águias (Brotas) - BILHETE POSTAL, Companhia Colonial de Navegação – Paquete “UÍGE”, 1972/1973]

 

            Envio-lhes este postal, com a gravura do barco [Paquete “UÍGE”] em que estou a viajar a caminho da Guiné.

            Um beijo deste seu neto e sobrinho.

 

                       H. Pinto

Sarah Affonso - Fernanda de Castro e Antoninho Gabriel (1928)



Fernanda de Castro e Antoninho Gabriel (1928), de Sarah Affonso.

Museu Nacional de Arte Contemporânea, MNAC, Museu do Chiado, Lisboa.

Óleo sobre tela

Coleção da Fundação António Quadros



Volta à escola com um desenho de Pedro Handam

 




sábado, setembro 12, 2020

Monólogos em Ping-Pong


- Ai, ando tão cansada...! Tenho tido imenso trabalho.

- Por acaso também me sinto muito cansada, estou mortinha que cheguem as férias.

- É, estou sempre a ser pressionada, é tanto que fazer... Eu, férias, nem vê-las.

- Eu preciso de gozar férias, se não nem funciono!

- Eu precisava era que não me fodessem a cabeça...

- Por acaso não me posso queixar disso, as pessoas com quem trabalho são impecáveis.

- Pois, mas às vezes não são as pessoas do trabalho as piores.

- Sim, mas em casa também não posso dizer que tenha problemas.

- O meu marido, por exemplo, não faz nada em casa, os miúdos deixam tudo em todo o lado e a criada que arrume. Ainda ontem me zanguei com eles.

- Ah, o meu ajuda-me muito. E os meus filhos, que remédio!, também arrumam as coisas deles.

- Os meus se puderem não fazer nada...

- Os meus fazem, mas tenho que puxar por eles.

- Depois o pai às vezes é outro filho.

- O seu não faz mesmo nada em casa?

- Não, nada.

- Ai, o meu - é como digo - ajuda-me muito. Ainda ontem lhe disse que estava cheia de dores nas pernas, pedi para ser ele a ir pôr o lixo lá fora e ele foi. Lá disso não me posso queixar.

- Se eu não fizer as coisas, a casa bem fica um descalabro.

- A minha não.

- A minha fica. Ninguém me ajuda.

- A mim ajudam.

- A mim não.


Publicado no blogue Grão de milho (25-11-2017), que já não existe.



sexta-feira, setembro 11, 2020

Os Putos da Ribeira

 

Os Putos da Ribeira, 1992, fotografia de ©João Pires

Fotografia Pura em 35mm
Foto em filme em 1992 por ©Joao Pires
Máquina: Contax 167MT
Lente: Carl Zeiss 50mm f/1.4 Planar T* 1.4/50 Manual Prime
Filme: Kodak Gold GA 100 135-24, 100 ASA
Flash: desligado
Software: QuickTime 7.7.1 iPhoto


quinta-feira, setembro 10, 2020

«Decision Time - Back to normal, or fast track to the future?» - Greenpeace UK

Como el son de las hojas del álamo (Claudio Rodríguez)

 


COMO EL SON DE LAS HOJAS DEL ÁLAMO

El dolor verdadero no hace ruido.
Deja un susurro como el de las hojas
del álamo mecidas por el viento,
un rumor entrañable, de tan honda
vibración, tan sensible al menor roce,
que puede hacerse soledad, discordia,
injusticia o despecho. Estoy oyendo
su murmurado son, que no alborota
sino que da armonía, tan buído
y sutil, tan timbrado de espaciosa
serenidad, en medio de esta tarde,
que casi es ya cordura dolorosa,
pura resignación. Traición que vino
de un ruin consejo de la seca boca
de la envidia. Es lo mismo. Estoy oyendo
lo que me obliga y me enriquece, a costa
de heridas que aún supuran. Dolor que oigo
muy recogidamente, como a fronda
mecida, sin buscar señas, palabras
o significación. Música sola,
sin enigmas, son solo que traspasa
mi corazón, dolor que es mi victoria.

Claudio Rodríguez

Alianza y condena (1965)


«Almada em Madrid» (Recorte de Fernando Quadros Ferro, 1928)

«Poètisas Portuguesas» por Augusto d'Esaguy (in «La Gaceta Literaria» de Giménez Caballero, 1928)

Duas fotos de Jorge Luis Stocker Júnior



Dois cães gaúchos. Jorge Luis Stocker Júnior tirou estas fotografias lá para os lados do Rio Grande do Sul. A primeira intitula-se Cachorro, de mais não precisa, e a segunda, Olhar (Que pergunta quem somos).

Podemos suster esses olhares?



quarta-feira, setembro 09, 2020

Falar de ética num ambiente de endogamia...

Falar de ética num ambiente de endogamia é das coisas mais divertidas que um gajo pode assistir. Há uma seriedade nos argumentos, de tal maneira profunda, que até emociona em vacuidade existencial.
Eu, particularmente, sou levado pela nostalgia do som do órgão Casio da igreja, onde o teclista, ser tão puro e singelo, se tornou um exemplo dessa moralidade dos «justos» que, se nos regermos pelas escrituras, não são reconhecidos pelas bem-aventuranças do J.C.
Enfim, «Bem-aventurados estes justos, pois é deles, e dos amigos, o Reino desta Terra»!


O armário descobriu quem era...

O armário descobriu quem verdadeiramente era quando deixou de ter necessidade de sair de si próprio e encontrou a sua alma livre de tantos sobretudos desnecessários.

«¿Por qué eres tan cínico?»

«¿Por qué eres tan cínico?» Le preguntó, pero no obtuvo respuesta. 
Le dio la espalda y se marchó con sus perros, con quienes vive desde que abandonó a la gente.

Dois Namorados (Luísa Sobral)



Dois Namorados. Letra e Música: Luísa Sobral Produção e Arranjos: Raül Refree




terça-feira, setembro 08, 2020

A velhinha «Dakota» resiste na aCourela do Alentejo onde ainda roda pelo campo...

A familia cresceu em tamanho e houve necessidade, há uns anos, de termos mais uma «pedaleira» na aCourela. Foi numa loja de segunda mão onde encontrámos esta velha «Dakota» (estilo «Mountain Bike») por tuta e meia e a pedir-nos uma nova oportunidade. 
Valeu a pena e tem sido a bicicleta que uso para ir ver os tubos de rega, para ir despejar o lixo (infelizmente ali é difícil reciclar), ir à do vizinho e para ir regar o plátano que tenta sobreviver ao calor mesmo à entrada da nossa quinta. 
Quando me monto nela, apesar de notar uma ligeira diferença com a minha «loba» do dia-a-dia (devido à grossura das rodas), sou invadido por um certo bem-estar e, para além da crença na sustentabilidade, mantenho igualmente alguma fé nas segundas oportunidades...

Se a gratidão é...

Se a gratidão é a mãe de todas as virtudes, o pai só pode ser o reconhecimento.

domingo, setembro 06, 2020

Mark Cohen - Young Limbs - Harvey’s Lake, PA, 1981





Leio que o desenvolvimento pessoal é uma coisa de primeira pessoa...

Leio que o desenvolvimento pessoal é uma coisa de primeira pessoa e entristece-me a facilidade com que se exclui o outro de quase tudo.
A falácia deste tipo de literatura (que não me parece mal intencionada) é carregar nos ombros do ser humano toda a sua carga existencial. Basta olharmos um pouco ao nosso redor (e termos um pouco de inteligência) para concluirmos que não somos o centro do universo.

sábado, setembro 05, 2020

A minha qualidade de literato...

Há tempos ofereci um livro dos meus (não me lembro se o dediquei, acho que sim) a um casal que hoje soube que já se separou. A melhor prova a minha qualidade como literato é que tenho a certeza que não ficou na biblioteca pessoal de nenhum dos dois.

«Rocky I» - O primeiro amigo rafeiro...

Este é o Rocky, o primeiro rafeiro que conquistou a amizade dos meus filhos. Desde o primeiro dia que se conheceram, ele e o Santi forjaram uma relação de cumplicidade mais do que territorial, com o meu filho mais velho a guardar as ovelhas na sua companhia. Este cão, apesar de não ser nosso (é da nossa vizinha Magda), apadrinhou a aCourela como seu território e foi o primeiro a habitá-lo. Na verdade a conquistá-lo, sendo o rei de duas crianças por quem acredito que este monarca canino daria a vida.
A amizade deste rafeiro, primeiriça como o meu primogénito, nunca foi destronada, apesar da forte presença do Zeca (que conhece as suas mãos desde que nasceu), do nosso Donnie, da Cuca Maluca e agora do pobre renegado Zeus...
Nunca imaginámos que aCourela se tornasse o Olimpo desta canzoada, onde, desde o alto da colina, avistam a estrada para ladrarem às carrinhas de caixa aberta. Porém, talvez haja um motivo porque este animais decidiram fazer parte das nossas vidas... Quero acreditar que foi porque a amizade de um rafeiro alentejano com um menino rayano de seis anos ecoou por aqueles campos que estavam fartos de tanta solidão...

quinta-feira, setembro 03, 2020

«Después de tantos años estudiando la ética...» - Fernando Savater

«Después de tantos años estudiando la ética, he llegado a la conclusión de que ella se resume en tres virtudes: coraje para vivir, generosidad para convivir y prudencia para sobrevivir.» - Fernando Savater 

terça-feira, setembro 01, 2020

Tom Hardy and his dog

Misión: "Quitar los pañales"/Missão: "Tirar as fraldas"

Este era el cuadrante de refuerzos positivos para que el Sr. Caca dejara de habitar en los pañales caseros y pasara directamente a sus dominios del váter. Estaba olvidado en la lateral de la nevera y, antes que se pierda en el olvido del interior de algún libro, lo reproduzco aquí, en los “Senderos”, sin cualquier olor a caca o a nostalgia...