quarta-feira, setembro 30, 2020
Quino morreu
"Muere Quino, el creador de Mafalda, a los 88 años" (elDiario.es)
Aldo Quiroga presta homenaje a Quino
terça-feira, setembro 29, 2020
segunda-feira, setembro 28, 2020
Umas palavras de Oscar Wilde
O primeiro dever na vida é ser tão artificial quanto possível. Em que consiste o segundo dever... ainda ninguém descobriu.
Amar-se a si próprio é o princípio de um romance para a vida inteira.
Em todos os assuntos de pouca importância o que conta realmente é o estilo e não a sinceridade. Em todos os assuntos IMPORTANTES, o que conta realmente é o estilo. E não a sinceridade.
Se alguém diz a verdade, esse alguém será, seguramente, tarde ou cedo, apanhado.
Nada que realmente tenha acontecido tem a menor importância.
A maldade é um mito inventado pelos sensaborões para diminuir a capacidade de sedução dos outros.
Aqueles que vêem alguma diferença entre a alma e o corpo é porque não possuem nenhuma das duas.
Se os pobres apenas tivessem perfis, não seria difícil resolver o problema da miséria.
As religiões morrem quando se prova serem verdadeiras. A Ciência é o registo das religiões mortas.
Os bem-criados contradizem outras pessoas. Os sábios contradizem-se a si próprios.
A casa de um botão realmente bem feita é a única ligação entre a Arte e a Natureza.
O aborrecimento é o envelhecimento da seriedade.
O Prazer é a única coisa para que se deve viver. Nada envelhece tão bem como a felicidade.
Só não se pagando as contas é que se pode esperar perdurar na memória das classes comerciais.
Nenhum crime é vulgar, mas toda a vulgaridade é um crime. A vulgaridade é o comportamento dos outros.
Só os superficiais se conhecem a si mesmos.
O tempo é uma perda de dinheiro.
Deve ser-se sempre um bocadinho improvável.
Deve ser-se uma peça de arte ou vestir-se uma.
Há uma espécie de fatalidade sobre as boas resoluções. São feitas invariavelmente cedo de mais.
A única forma de se redimir por estar ocasionalmente um pouco vestido de forma excessiva é ser sempre excessivamente educado.
Quaisquer preocupações com ideias ou com o que está certo ou errado no comportamento demonstra um desenvolvimento intelectual tacanho.
Uma verdade deixa de ser uma verdade quando mais do que uma pessoa acredita nela.
Nos exames, os idiotas fazem perguntas a que os sábios não podem responder.
A roupa grega era na sua essência pouco artística. Nada deve revelar o corpo a não ser o próprio corpo.
São apenas as qualidades superficiais que perduram. A natureza profunda do homem acha-se depressa.
A Indústria é a raiz de toda a feiura.
As eras vivem na história através dos seus anacronismos.
Apenas os deuses saboreiam a morte. Apolo faleceu, mas Jacinto que, segundo os homens, o fez andar à roda, vive. Nero e Narciso estão sempre connosco.
O velho acredita em tudo: o de meia-idade desconfia de tudo: o jovem sabe tudo.
A condição necessária para a perfeição é a preguiça: o cume da perfeição é a juventude.
Só os grandes mestres de estilo são bem sucedidos a ser obscuros.
Há qualquer coisa de trágico sobre o grande número de jovens que existe em Inglaterra neste momento, que começa a vida com perfis perfeitos e que acaba por adoptar alguma profissão útil.
Ser prematuro é ser perfeito.
Oscar Wilde, in Poemas em prosa, tradução de Possidónio Cachapa, introdução de Urbano Tavares Rodrigues, edição bilingue, Cavalo de Ferro, Dezembro de 2002, pp. 31-34.
"Frases e filodofias para uso dos jovens", mensagem no blogue antologia do esquecimento (4 de março de 2016)
Até as mãos mais calejadas...
domingo, setembro 27, 2020
Delitos de uma infância (Celeste)
As imagens não me são tão nítidas. Hoje do topo dos meus 40 anos, creio que olhar por trás dos olhos daquela criança que fui, posso ser traída e induzida ao erro. Mas sempre que revisito aquele lugar, sim, sempre retorno lá, as lembranças surgem. Brotam como néctar pra'uma abelha. Os gostos, os aromas, vêm à mente instantaneamente. A casa era de uma tinta amarelada, encardida, descascada. O seu interior também não contava com muito luxo, era o lugar propício para a imaginação fértil das crianças que ali se encontravam impreterivelmente aos fins de semana. Os cômodos eram grandes, os móveis eram poucos. E os que tinham, eram gastos, surrados. Localizada aos fundos do quintal. Naqueles tempos costumávamos ter quintais enormes, com grandes espaços reservados aos canteiros de terra, como aqueles que eu encontrava nessa casa. A casa da minha infância, era o cenário perfeito! Atrás dela havia ainda, mais terra; um grande terreiro seguido de um galinheiro. Sim, também costumávamos ter galinhas e outros animais caseiros, sejam eles pra consumo ou companheirismo nas poucas horas destinadas a solidão. Na frente da casa, na lateral esquerda, colados ao muro limítrofe com o vizinho, havia um pé de romã, uma roseira e várias outras plantinhas medicinais. Muitos chás de poejo e hortelã tomavámos a fim de curar gripes e outras maledicências infantis. Ali também ficava o único espaço revestido, e era de uma lajota barata qualquer. Aliás tudo ali, era muito simples, coisas que demandavam poucos recursos. Caras somente, as coisas que não se podiam comprar, talvez nem se podiam apalpar. Alcançáveis somente através da imaginação e criatividade daquelas crianças, na maioria consanguíneas. Criavámos mundos inabitáveis por qualquer um que não soubesse sonhar. Imaginávamos os mais diversos personagens, que na maioria das vezes utilizavam fantasias que desfaziam-se com um bom banho quente no final do dia.Tinha dias que devastávamos florestas. Em outros navegávamos os sete mares. Éramos bruxas e fadas; bandidos e mocinhos num só dia. Roubavámos amoras e goiabas da casa vizinha, ou afundávamos o dedo no bolo posto pra esfriar... Confesso. Eu cometi aqueles delitos.
Celeste
sexta-feira, setembro 25, 2020
Uma fotografia de Margaret Bourke-White
Margaret Bourke-White (1904-1971), Child Admiring the Toys in Higbee's Window Display, Downtown Cleveland (1934).
quinta-feira, setembro 24, 2020
quarta-feira, setembro 23, 2020
Desenterrar os mortos para os poder enterrar dignamente...
terça-feira, setembro 22, 2020
Vitorino - Saias da Vila do Redondo
Do Castelo do Redondo
Avista-se o Alandroal,
Vêem-se terras de Espanha,
Metade de Portugal.
Já não há quem queira dar
Uma filha a um ganhão,
Estão à espera que lhe tragam
Das Índias um capitão.
Já não há quem queira dar
Uma filha a um louceiro,
Estão à espera que lhe tragam
Do Brasil um brasileiro.
Vitorino
Recolha e adaptação de Vitorino Direcção musical, arranjos e viola campaniça, pífaro de Barcelos, guitarra portuguesa, cavaquinho, viola e viola-baixo acústica de Pedro Caldeira Cabral.
segunda-feira, setembro 21, 2020
"Canção de Outomno" - Fernando Pessoa (Desenho de Cottinelli Telmo, 1922)
domingo, setembro 20, 2020
Galo de Barcelos e a sua Galinha de Barcelos
sábado, setembro 19, 2020
Uma voz na cabeça...
sexta-feira, setembro 18, 2020
terça-feira, setembro 15, 2020
A parreira (Agosto, 2020)
segunda-feira, setembro 14, 2020
Um adeus em português para ti Pablo...
"Para Avô e Tia", Monte das Águias (Brotas)
Talvez não tenha sido casualidade hoje ter encontrado este postal enviado pelo meu pai ao seu avô Luis e à sua tia Elisa num velho álbum que herdei da mesma e, depois de mim, provavelmente cairá no esquecimento.
O meu pai ia a caminho da Guiné, a caminho de uma guerra que ele, e a sua geração, foi obrigado a lutar por um regime podre, caquético, porém ditatorial. Hoje só se nos pede que nos protejamos e protejamos os outros com uma simples máscara por causa deste raio de vírus. Eu só tenho vergonha quando oiço alguns de nós a queixarmo-nos por tão difícil sacrifício...
[De H. Pinto para Avô e Tia, Monte das Águias (Brotas) - BILHETE POSTAL, Companhia Colonial de Navegação – Paquete “UÍGE”, 1972/1973]
Envio-lhes este postal, com a gravura do barco [Paquete “UÍGE”] em que estou a viajar a caminho da Guiné.
Um beijo deste seu neto e sobrinho.
H. Pinto
Sarah Affonso - Fernanda de Castro e Antoninho Gabriel (1928)
Museu Nacional de Arte Contemporânea, MNAC, Museu do Chiado, Lisboa.
Óleo sobre tela
Coleção da Fundação António Quadros
Volta à escola com um desenho de Pedro Handam
domingo, setembro 13, 2020
sábado, setembro 12, 2020
Monólogos em Ping-Pong
- Por acaso também me sinto muito cansada, estou mortinha que cheguem as férias.
- É, estou sempre a ser pressionada, é tanto que fazer... Eu, férias, nem vê-las.
- Eu preciso de gozar férias, se não nem funciono!
- Eu precisava era que não me fodessem a cabeça...
- Por acaso não me posso queixar disso, as pessoas com quem trabalho são impecáveis.
- Pois, mas às vezes não são as pessoas do trabalho as piores.
- Sim, mas em casa também não posso dizer que tenha problemas.
- O meu marido, por exemplo, não faz nada em casa, os miúdos deixam tudo em todo o lado e a criada que arrume. Ainda ontem me zanguei com eles.
- Ah, o meu ajuda-me muito. E os meus filhos, que remédio!, também arrumam as coisas deles.
- Os meus se puderem não fazer nada...
- Os meus fazem, mas tenho que puxar por eles.
- Depois o pai às vezes é outro filho.
- O seu não faz mesmo nada em casa?
- Não, nada.
- Ai, o meu - é como digo - ajuda-me muito. Ainda ontem lhe disse que estava cheia de dores nas pernas, pedi para ser ele a ir pôr o lixo lá fora e ele foi. Lá disso não me posso queixar.
- Se eu não fizer as coisas, a casa bem fica um descalabro.
- A minha não.
- A minha fica. Ninguém me ajuda.
- A mim ajudam.
- A mim não.
Publicado no blogue Grão de milho (25-11-2017), que já não existe.
sexta-feira, setembro 11, 2020
Os Putos da Ribeira
Fotografia Pura em 35mm
Foto em filme em 1992 por ©Joao Pires
Máquina: Contax 167MT
Lente: Carl Zeiss 50mm f/1.4 Planar T* 1.4/50 Manual Prime
Filme: Kodak Gold GA 100 135-24, 100 ASA
Flash: desligado
Software: QuickTime 7.7.1 iPhoto
quinta-feira, setembro 10, 2020
Como el son de las hojas del álamo (Claudio Rodríguez)
COMO EL SON DE LAS HOJAS DEL ÁLAMO
El dolor verdadero no hace ruido.
Deja un susurro como el de las hojas
del álamo mecidas por el viento,
un rumor entrañable, de tan honda
vibración, tan sensible al menor roce,
que puede hacerse soledad, discordia,
injusticia o despecho. Estoy oyendo
su murmurado son, que no alborota
sino que da armonía, tan buído
y sutil, tan timbrado de espaciosa
serenidad, en medio de esta tarde,
que casi es ya cordura dolorosa,
pura resignación. Traición que vino
de un ruin consejo de la seca boca
de la envidia. Es lo mismo. Estoy oyendo
lo que me obliga y me enriquece, a costa
de heridas que aún supuran. Dolor que oigo
muy recogidamente, como a fronda
mecida, sin buscar señas, palabras
o significación. Música sola,
sin enigmas, son solo que traspasa
mi corazón, dolor que es mi victoria.
Claudio Rodríguez
Alianza y condena (1965)
Duas fotos de Jorge Luis Stocker Júnior
Podemos suster esses olhares?
quarta-feira, setembro 09, 2020
Falar de ética num ambiente de endogamia...
O armário descobriu quem era...
«¿Por qué eres tan cínico?»
Dois Namorados (Luísa Sobral)
terça-feira, setembro 08, 2020
A velhinha «Dakota» resiste na aCourela do Alentejo onde ainda roda pelo campo...
segunda-feira, setembro 07, 2020
domingo, setembro 06, 2020
Mark Cohen - Young Limbs - Harvey’s Lake, PA, 1981
Leio que o desenvolvimento pessoal é uma coisa de primeira pessoa...
sábado, setembro 05, 2020
A minha qualidade de literato...
«Rocky I» - O primeiro amigo rafeiro...
quinta-feira, setembro 03, 2020
«Después de tantos años estudiando la ética...» - Fernando Savater
quarta-feira, setembro 02, 2020
terça-feira, setembro 01, 2020
Misión: "Quitar los pañales"/Missão: "Tirar as fraldas"
Este era el cuadrante de refuerzos positivos para que el Sr. Caca dejara de habitar en los pañales caseros y pasara directamente a sus dominios del váter. Estaba olvidado en la lateral de la nevera y, antes que se pierda en el olvido del interior de algún libro, lo reproduzco aquí, en los “Senderos”, sin cualquier olor a caca o a nostalgia...