sexta-feira, novembro 30, 2018
«En casa del poeta» - Ramón Gómez de la Serna
Recordamos Assis Pacheco
RONDA DOS POVOS
Adeus Quissala, Quimuanassala,
Hihinga-Zambi.
Adeus Mussesse, lavras mortas.
Poeira trazida pelo vento.
Adeus Calala, Canacassala,
Quimaio, Tabi.
O tchimbeco está vazio.
Passam os porcos do mato.
Adeus Hungo, povo do Hungo,
Fui lá uma sexta-feira
e era cinza, coisa pouca.
O capim vai comer-te.
Adeus Cazanga, Quimazanga,
Caguenguele, Mufuca, Praia.
Adeus Quijai, Cabári, Chengue.
Apodreceis ao sol.
Fernando Assis Pacheco
quinta-feira, novembro 29, 2018
«El dolor psíquico» - Ana Olivera
“Mi alma y mi perro”/“A minha alma e o meu cão” – Fernando Aramburu (in “Autorretrato sin mí”, pp. 121 e 122)
Autor desconhecido |
Um papel e uma pedrinha
Que eu sou um bocado neandertal é algo já adquirido e assumido. Sou um bocado abrutalhado nos hábitos, espartano em alguns costumes e um grande maricas (leiam a palavra como quiserem) noutros. Sou tão bom a cumprir regras como a questionar outras. Neste caso tem a ver com brinquedos.
O meu filho mais novo, agora no seu primeiro ano de jardim de infância, não pode levar brinquedos de casa para o colégio. Assim nos pediu a educadora, assim nos foi justificado com critérios que nos parecem justos e inteligentes, e, desde sempre, os objectos lúdicos domésticos não frequentam a escola. Não me custa cumprir esta regra e reiteramos estar totalmente de acordo com ela.
Porém, o meu pequenito, com o carácter típico e o desenrascanço de irmão mais novo, todos os dias tenta levar (inclusivamente à socapa) alguma das suas brincas consigo. Aí, o polícia que há nas minhas funções parentais é inflexivel e confisca antes da saída de casa tal material cheio de histórias e sonhos que mal falam.
Tenho a característica de não mexer um músculo facial mesmo que, por dentro, me esteja a escangalhar a rir. Isso é o que me separa da autoridade e do autoritarismo. Tento explicar e, em casa, é raro explicar mais do que três vezes. Se a argumentação democrática não é suficiente, impõe-se a ditadura. Por vezes custa-me esse golpe de Estado caseiro, mas tem de ser.
A sua rebeldia ganha força na sua imaginação. Os seus três anos sem preconceitos nem definições consumistas de brinquedos, enganam a postura parental, o veto imposto desde casa, e um papelinho e uma pedrinha ganham vida nos seus dedos e habitam nos bolsos das suas calças e dos seus casacos.
À porta do colégio, na fila para o seu dia-a-dia, vejo como os outros pais deixam os seus filhos levarem figuras de acção quase do tamanho dos seus próprio filhos, escudos, carrinhos e tantas outras coisas às quais já não presto atenção. O meu filho, ainda sem vergonha de ter o que é possível ter, mostra a sua pedrinha, uma pequenita china polida pelo Guadiana e pelos seus deditos, e o seu papelinho rabiscado em casa enquanto o irmão fazia os TPC.
O eu neandertal, abrutalhado, espartano nos hábitos e um grande maricas, emociona-se e duvida de todos os regimes que tem de impor para educar.
Quando toca, vão todos a correr para a fila onde a mochila lhes guarda o lugar. Ajudo-o a pôr bem as alças e ainda nos abraçamos. Digo-lhe que se porte bem e que o amo. Despeço-me com um «logo o papá vem-te buscar».
Afasto-me mais da fila do que a maioria dos pais. Talvez o faça porque já vivi esta etapa com um mais velho que já entra sozinho na escola, porque não tenho paciência de espírito graxista para estar de roda da educadora a falar das últimas técnicas pedagógicas e de puericultura ou talvez porque sou neandertal, abrutalhado, e não quero que os demais pais conheçam esse eu. Mas o que me diz o papel e a pedrinha vale mais por tudo o que se possa conhecer de nós.
quarta-feira, novembro 28, 2018
El capote «alentejano» - Ramón Gómez de la Serna
Autor desconhecido ("pinterest") |
terça-feira, novembro 27, 2018
Luar na rua
Joelhos esfolados.
Eu em menino.
onde fui menino.
Calções e Verão.
segunda-feira, novembro 26, 2018
Pés submersos
chão do jardim escrevem
folhas outonais.
Folhas de plátano e uns raios de sol matinais/outonais... (26/XI/2018) |
Antonio Sáez inaugura a temporada 2018/2019 da Aula de Poesía Díez-Canedo
Antonio Sáez inaugura a temporada 2018/2019 da Aula de Poesía Díez-Canedo |
Portada del cuadernillo de Antonio Sáez Delgado |
Programa da temporada 2018/2019 da "Aula de Poesía Díez-Canedo" |
domingo, novembro 25, 2018
sábado, novembro 24, 2018
Não gosto e exerço o meu direito a não assistir.
Foto do jornal "Público" |