Ontem, uma final da mesma cidade entre eternos vizinhos de rivalidade. Estava a ver o jogo com um sentimento dividido por a originalidade colchonera, com essa garra de bairro trabalhador que tanto a caracteriza, contra o imperialista capital que dá trabalho ao talento emigrante pátrio.
Arrastados num relvado de igualdade de oportunidades, sempre impera a resistência do que tem mais dinheiro no bolso.
Será que 600 000€ no bolso como prémio de jogo ajudam a controlar os nervos nos decisivos penaltis?
domingo, maio 29, 2016
Final madrileña
sábado, maio 28, 2016
Passear de bicicleta junto a ti (Riccardo Cocciante)
sexta-feira, maio 27, 2016
Ar de Família (Diário 27/V/2016)
As raízes começam a tremer numa terra cada vez mais árida. A visão falha mas o toque não esconde essa tremura. Aqui estou a ser o que foram para mim, presentes. É difícil ser presente quando a distância, e a necessidade, impede verbos como o estar ou ficar. Não me sinto mal por isso, apenas sinto o que vivo.
Ao lado do meu pai estava um senhor nascido em 1927. Na escuridão de pupilas dilatadas falámos de como o hospital foi uma obra embargada durante décadas, de como tudo era um descampado até que a vontade edifica para paliar a necessidade. Gota a gota, entrava uma enfermeira que nos tratava com a dignidade pouco habitual num sistema de saúde que divinizou os discípulos de Hipócrates.
Gota a gota, dilatou-se um dia em que fui filho, pai e, cansado e talvez alérgico, esse presente tão carregado do pó levantado ao percorrer a aridez do caminho.
Mas a visão também só chega até onde o corpo o permite. Fanhoso, com tosse, dei graças por ter um "Ar de Família".
quinta-feira, maio 26, 2016
O valioso tempo dos maduros (Mário de Andrade)
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
Mario de Andrade
(1893 - 1945)
quarta-feira, maio 25, 2016
Paul Strand
terça-feira, maio 24, 2016
Texto para uns amigos (a quem, por casualidade, tive o privilégio de dar aulas)
Mãos sujas (Diário 23/V/2016)
domingo, maio 22, 2016
Diário (22/V/2016)
sexta-feira, maio 20, 2016
"Sorria e não pisque"
quinta-feira, maio 19, 2016
quarta-feira, maio 18, 2016
"Bike Day" (Noruega, Portugal, Itália, Espanha e Países Baixos)
terça-feira, maio 17, 2016
segunda-feira, maio 16, 2016
Estrada branca (Caetano Veloso)
domingo, maio 15, 2016
Desde miúdo que há uma um clube que coincide com a cor do meu sangue. Excepção apenas para aquele campeonato dos meus sete ou oito anos em que, sei lá porquê mas ainda bem, tive um ano sabático de leão.
Todos os dias Portalegre é tarde (Carlos Garcia de Castro)
sexta-feira, maio 13, 2016
Dor de Cotovelo Peninsular (in “Mais Alentejo” nº132)
quarta-feira, maio 11, 2016
MEMORIAMEDIA - Seeing Stories roda de contos
Resumo da roda de contos com narradores do projecto Seeing Stories no Museu do Fado, durante o Contemfesta 2014.
July 24th - 26th, Alfama, Lisboa and Pereiro de Palhacana, Alenquer
The 4th edition of this feast of stories and storytellers has as its theme the relations between human beings and the environment. The stories that will be shared over this gathering have been collected both in rural and urban communities around several European countries, as part of the EU project "Seeing Stories – Recovering Landscape Narrative in Urban and Rural Europe".
The festival starts with a story circle featuring storytellers from Scotland, Germany, Italy and Portugal at Museu do Fado, in Lisbon, followed by a narrative tour through Alfama neighbourhood, continuing along the paths and wineries of Pereiro de Palhacana's village, in Alenquer, and ending right there with a traditional dancing ball.
Organization: MEMORIAMEDIA e-Museu do Património Cultural Imaterial
Incorporated in the Festivals Network "Seeing Stories – Recovering Landscape Narrative in Urban and Rural Europe": Aachen (DE), Edinburgh (SC), Firenze (IT), Lisbon (PT).
domingo, maio 08, 2016
Para o livro de Literatura de segundo grau (Hans Magnus Enzensberger)
Não leias odes, meu filho, lê os horários
(dos trens, dos ônibus, dos aviões):
são mais exatos. Abre os mapas náuticos
antes que seja tarde demais. Sê vigilante, não cantes.
Chegará o dia em que eles, de novo, pregarão listas
no portão e desenharão marcas no peito daqueles que dizem
não. Aprende a ir incógnito, aprende mais do que eu:
a mudar de bairro, de passaporte, de rosto.
Entende da pequena traição,
da salvação suja de todos os dias. Úteis
são as encíclicas para se fazer fogo,
e os manifestos: para a manteiga e sal
dos indefesos. É preciso raiva e paciência
para se soprar nos pulmões do poder
o fino pó mortal, moído
por aqueles, que aprenderam muito,
que são exatos, por ti.
Hans Magnus Enzensberger
(Tradução de Kurt Scharf e Armindo Trevisan)
Lido aqui: modo de usar & co
sábado, maio 07, 2016
“No Fio da Navalha” é uma grande reportagem, da autoria do jornalista Gonçalo Guedes, sobre os idos tempos do contrabando no concelho de Marvão e no meu “pueblo” Valencia de Alcántara.
Parêntese sobre o Rio Jordão
sexta-feira, maio 06, 2016
Por más vueltas que le dé/Por mais voltas que dê
quinta-feira, maio 05, 2016
[33] na Feira do Livro de Plasencia/ [33] en la Feria del Libro de Plasencia
quarta-feira, maio 04, 2016
Devir#3 (Uma pequena maravilha/Una pequeña maravilla)
terça-feira, maio 03, 2016
Abril no fim
domingo, maio 01, 2016
"Em palco, com a camisa abertas e mangas arregaçadas, Bruce parece um homem que acabou de chegar a casa após um longo dia no escritório, na estrada ou no estaleiro. Só que prefere pegar numa guitarra."
"uma das coisas sobre as quais escrevi em The River foi o tempo. Ontem à noite, um amigo meu disse-me que o tempo nos apanha a todos. Temos uma quantidade limitada de tempo para fazermos o nosso trabalho tomarmos conta da nossa família, para tentar fazer algo bom." Bruce Springsteen