Há dias em que tenho pena de mim mesmo. Dias de sentido lamecha, doridos, febris, de pouca perspectiva e cheios de miopía do que é a minha vida e as vidas por essa humanidade fora.
São dias virulentos, de rotação, como o vírus que me afecta o corpo, me sobe a temperatura e que não me aceita comida no estômago. Estes dias são ausentes do Luis saudável, afastados do optimismo trabalhado por filosofia e por resignação, são dias espectrais em que me vejo de fora, deitado na cama, com sesta suada e forçada, e me enfado por não controlar o que sinto e, como comecei esta nota, a ter pena de mim.
Tenho de permitir-me este desânimo pois sou homem e isso é legítimo para a minha condição. Tenho de permitir ver-me falível e desmotivado. Tenho de permitir o jovem activo, trintão, caminhar para a realidade física dos quarenta. Tenho de queixar-me um pouco para não cair no queixume. Tenho de dizer claramente que também necessito dumas palmadinhas nas costas como as que vou dando por brio profissional e pessoal. Tenho de reconhecer que sinto saudades do colo da minha mãe e dos braços da minha avó e mais presença de pai. Tenho de reconhecer que, apesar de pensar que sou um Super-Homem, não passo dum Clark Kent de carne e osso e alérgico a muito mais coisas que kriptonita e, ainda por cima, com a tripa fraca...
Tenho tanto para reconhecer, tantas máscaras quotidianas para tirar e ser o que sou. Pouca coisa, bastante insignificante, com sonhos e silêncio, com direito à tristeza, à falibilidade de ser, à impossibilidade de estar... Este sou eu a ter pena de mim. Não busco grande consolo, escrevo e abuso de verbos transitivos...
Sem comentários:
Enviar um comentário