domingo, dezembro 25, 2022
"The Fabelmans" - Steven Spielberg
Natal 2022
quinta-feira, dezembro 22, 2022
A observar a natureza humana.../Observando la naturaleza humana... (apontamento/apunte)
quarta-feira, dezembro 21, 2022
sexta-feira, dezembro 16, 2022
“O passado não é um sonho” – Crónica de Luis Leal in “Mais Alentejo”, nº 162., p.68
“O passado não é um sonho” – Crónica de Luis Leal in “Mais Alentejo”, nº 162.
“Tinha oito anos quando o meu avô me agarrou a mão e não a soltou até que encontrámos os meus pais em Atenas. Quem sabe o que poderia ter acontecido se tivesse ficado na aldeia. Era 1946. Princípio da Primavera de 1946. As amendoeiras floresciam lado a lado e o campo estava no seu esplendor”. Assim começa um dos livros mais autobiográficos de Theodor Kallifatides, porém ainda desconhecido do mercado editorial português que recentemente acolheu “Outra Vida Para Viver” com a chancela da Quetzal. Se de mim dependessem critérios editoriais, começaria por traduzir este “O Passado Não É Um Sonho” do escritor grego exilado na Suécia que decidiu fazer da sua língua de acolhimento, o sueco, a principal para a sua obra até aos últimos anos em que regressou à sua língua amniótica. Desde o primeiro momento em que me cruzei com a sua obra, deleitei-me com uma escrita simples, contudo magistral, a narrar a sua vida desde que abandonou a terra natal até que a ela retornou, volvidas décadas, para o homenagearem já como escritor consagrado. Desta forma acompanhei a sua infância e adolescência numa Grécia governada por regimes autoritários, vi nascer a sua consciência política e de classe, assisti à descoberta da sexualidade e do amor, embarquei para o exílio e admirei a sua surpreendente capacidade para refazer a sua vida laboral e criar uma família, enquanto se afirmava como escritor de ficção, ensaio, autobiografia e do género, agora tão na moda, de autoficção. Cheguei a Kallifatides graças a outro grande (e um dos poucos críticos literários que tenho como referência), o poeta espanhol Álvaro Valverde. A sua leitura tem sido um verdadeiro convite à reflexão e à escrita, e a verdade é que me parece que me penso (e me escrevo) de maneira semelhante (com a devida distância entre a mestria do grego a escrever em sueco e dum português a abdicar do infinitivo pessoal para expressar-se em espanhol).
“A Pátria é lá onde a vida não precisa de explicações”. Onde é exactamente esse lugar? Cada um tem as suas próprias coordenadas, como cada um tem o seu próprio destino quando se lembra “em demasia quem é”, pois nunca se atreverá a adentrar-se noutra sociedade e “será sempre um estrangeiro”. E como é possível ser-se escritor numa língua alheia ao ventre materno? Theodor Kallifatides tem a amabilidade de responder: “Um escritor ora escreve na língua que conhece bem ora na que não conhece, mas escreve. Talvez caminhe com muletas na outra língua, talvez avance de joelhos, talvez se arrastre como um verme, mas escreve, simplesmente porque necessita, porque a sua mensagem é maior do que ele mesmo.”. Não creio que tenha grandes mensagens, tenho grandes necessidades e medos. A literatura não é apenas narrar histórias, não é apenas ideias e mensagens, é o mistério da própria escrita e como ela é sinónimo da nossa condição. Indiferente a idiomas, escrevemos porque somos humanos. “O Passado Não É Um Sonho” é mais do que um livro, é uma declaração de intenções. Alguns podem perguntar, porquê recorrer ao passado para aludir a assuntos preocupantes de um mundo a voltar a investir parte significativa do PIB em armamento? Porque Kallifatides, que foi neto, filho, pai e hoje é avô, teme que o passado já não seja conhecido e ignorância é diferente de esquecimento.
Não sei se chegarei a avô, no entanto, ainda antes de conhecer este escritor, sentia não conseguir escrever o que antevejo como uma potencial tragédia: uma criança perder os seus pais. Eis a decisão de Kallifatides ser também a minha e agradeço-lhe por verbalizar esta necessidade impossível de se redigir: "Desta forma, [durante a guerra civil na Grécia, depois da 2ª Guerra Mundial] uma coisa era certa. A maior tragédia para uma criança era perder os seus pais. Talvez tenha sido quando tomei uma decisão que influenciou a minha vida mais do que qualquer outra. Jamais abandones os teus filhos. Nem mesmo morto”. Por isso escrevemos.
Crónica: "O passado não é um sonho" de Luis Leal (in "Mais Alentejo" nº162, p. 68)
Crónica: "O passado não é um sonho" de Luis Leal (in "Mais Alentejo" nº162, p. 68) |
quinta-feira, dezembro 08, 2022
Leio numa velha crítica...
terça-feira, dezembro 06, 2022
Caminhos de Santiago - Alentejo
sexta-feira, dezembro 02, 2022
Puede que no parezca...
quinta-feira, dezembro 01, 2022
Charla de Joaquín Araujo en el IES Rodríguez Moñino (27 de octubre)
domingo, novembro 27, 2022
"Conversas à volta de... Luis Leal - Alguém a tentar cultivar uma vida com sentido..." (Évora, 25 de Novembro de 2022) - Fotos da iniciativa
Foi a primeira vez que falei em público sobre um assunto tão pessoal, porém passível de ser transmissível. Quais são os elementos que me permitem tentar cultivar uma vida com sentido? No dia 25 de Novembro de 2022, rodeado pela generosidade e simpatia de pessoas dispostas a dialogar comigo, foram cinco: a “Pertença”, o “Propósito”, a “Transcendência”, a “Narrativa” e a “Amabilidade”.
Foram-me feitas várias perguntas para as quais não tive nenhuma resposta (nem me parece que alguma vez tenha) e fiquei contente por não ser capaz de responder. No âmbito do Humanismo, as respostas definitivas costumam ser semeadas em campos estéreis, a dúvida, por sua vez, como não pretende ser mais do que é, é um excelente fertilizante para o solo honesto do pensamento.
(Nos comentários podem ler o texto da apresentação e continuarem como eu, cheio de dúvidas, mas a continuar a tentar… Aquele abraço e obrigado).
Fue la primera vez que hablé en público sobre un tema tan personal, aunque probablemente transmisible. ¿Cuáles son los elementos que me permiten intentar cultivar una vida con sentido? El 25 de noviembre de 2022, rodeado de la generosidad y amabilidad de personas dispuestas a dialogar conmigo, fueron cinco: “Pertenencia”, “Propósito”, “Transcendencia”, “Narrativa” y “Amabilidad”.
Me hicieron varias preguntas para las cuales no tenía respuestas (ni creo que las tenga algún día) y me alegré de no poder contestarlas. En el ámbito del Humanismo, las respuestas definitivas suelen sembrarse en campos estériles, la duda, a su vez, como no pretende ser más de lo que es, es un excelente abono para el suelo honesto del pensamiento.
(En los comentarios podéis leer el texto de la presentación y seguir como yo, lleno de dudas, pero siguiendo intentado… “Aquele abraço” y gracias).
"Conversas à volta de... Luis Leal - Alguém a tentar cultivar uma vida com sentido..." (Évora, 25 de Novembro de 2022) - Texto da apresentação
"Conversas à volta de... Luis Leal - Alguém a tentar cultivar uma vida com sentido..." (Évora, 25 de Novembro de 2022) - Texto da apresentação
Primeiro, permitam-me agradecer o convite à Associação Solidariedade Social dos Professore de Évora, agradecer o vosso tempo (algo valiosíssimo e que não vos posso devolver) e também agradecer, como aprendi com o naturalista Joaquín Araújo, ao Rio Xarrama, ao Rio Degebe, ao Alto de S. Bento, a toda essa confluência de elementos que permitiram que os romanos aqui criassem um núcleo urbano, o qual posteriormente árabes e cristão povoaram, permitindo assim que, em 1980, no dia 2 de maio, no seio destas três culturas, o acaso consentisse que eu nascesse aqui.
É importante referir que, quando me convidaram para estas conversas, não sabia o que podia partilhar convosco. Vivo do meu trabalho docente, não me considero poeta, e se admito que me chamem escritor é pelo facto de ter escrito milhares de páginas (99% indignas de publicação). Sou também agricultor de ocasião, sou filho, sou marido, sou pai, mas, à parte de tanto que me pode definir ou tornar ainda mais confusa a minha existência, a única coisa que sou é um ser humano repleto de dúvidas, inseguranças e com escassas certezas. Essas certezas estão na base das minhas tentativas de cultivar uma vida com sentido e, como tudo na vida, não são nada novo, existem desde a antiguidade, são transversais a outras civilizações e o que faço é impregná-las com as minhas imperfeições através das minhas interpretações.
A filósofa e investigadora Emily Esfahani Smith enuncia algumas destas certezas como “pilares de uma vida com sentido”, eu prefiro olhar para elas como olho para as árvores, como concebo o seu enraizamento, o seu crescimento, a tutorização, a poda, a sua resistência às estações e elementos, o legado da sombra, até ao seu termo, preferencialmente de pé, ou se somos dignos de uma existência memorável, fulminados por um raio.
Portanto, permitam-me partilhar convosco os elementos que considero basilares para esta busca, elementos estes que têm como partida a saúde integral do ser humano, pois sem ela parece-me que tudo o resto é difícil de se encontrar.
1º Elemento: “Pertença”
A primeira vez que ouvi falar de estímulo e de reforço positivo foi a um sacerdote (o cónego Manuel Barros) e ainda eu estava longe dos bancos de pedagogia na universidade. Advogo que nos sintamos valorizados e valorizemos os demais. Em casa, no carro, no trabalho, nas redes sociais, onde quer que seja. A qualquer escala existe singularidade e importância, algo bem mais relevante do que ópticas utilitaristas no seio de qualquer instituição ou sociedade.
Tenho a sorte de a minha infância, adolescência e início da vida adulta pertencerem a Évora. Fui plantado aqui, as minhas raízes foram generosamente regadas aqui, fui, à semelhança limoeiro, bastante podado e sovado aqui, até ser transplantado para outros solos da nossa Ibéria, solos esses nos quais o meu sistema radicular sempre denunciará húmus eborense. Eis o porquê de quando se menciona um lugar no mundo, o meu tende a encontrar-se na honestidade, na lealdade para com as minhas raízes e na esperança que frutifique algo digno de quem as plantou.
2º Elemento: “Propósito”
Luto constantemente por este elemento. Sou vulnerável ao absurdo, sou capaz de entender a vida como paixão inútil, à maneira de Sartre, porém, evito o chamamento do niilismo, e resisto, como vou podendo, a responder às questões dos meus filhos de se Deus existe ou há uma vida para além desta que nos tocou viver .
Por outras palavras, a criança insegura que habita em mim tem tanta dificuldade em manter vivos propósitos, que não escondo os meus objetivos, as minhas causas, as minhas motivações serem o motor e o combustível da minha acção, à qual junto uma certa noção de dever, talvez anacrónica, mas sem a qual seria bem possível que as minhas insónias se multiplicassem.
Sem ser estóico, quero encontrar alguma virtude associada ao propósito e para mim os mesmos não se medem por prestígio ou significância, portanto tão respeitável é um desígnio de encontrar curas para as doenças do corpo, como a vontade de preservar um legado humanista num planeta tão viciado na técnica que tende a esquecer a sua própria alma.
3º Elemento: “Transcendência”
Por mais que o nosso ego nos diga o contrário, a verdade é que somos minúsculos, simples vestígios de poeira cósmica. A imagem do astronauta, sem gravidade, a ser invadido pela total humildade de saber-se uma partícula microscópica num vasto e incompreensível universo, fascina-me, pois esta consciência da pouca importância da nossa pessoa no cosmos é, paradoxalmente, um sentimento poderoso e profundo. Sou aquilo que denomino um “crente discreto” e houve épocas em que me ajoelhei perante altares erguidos pelo homem. Hoje a minha oração encontra-se no silêncio, na contemplação de várias naturezas. Na transcendência aproximarmo-nos da sabedoria daquilo que somos e do que não somos.
4º Elemento: “Narrativa”
Charles Dickens perguntava, através de David Copperfield, “serei eu o herói da minha história ou qualquer outro tomará esse lugar?”. Quero dizer, que história de vida contamos a nós próprios?
Miguel Torga escrevia diários (e não só), o imperador Marco Aurélio meditações, o Ellon Musk escreve no Twitter (e por isso comprou-o), eu num blogue, o António Aleixo quadras populares e Claudio Rodríguez poesia, quando, como dizia o próprio, “estava poeta”.
Escrever a nossa vida ajuda a retirá-la da fragilidade do nosso corpo, do efémero dos nossos dias, e, com ou sem artifícios, permite editá-la perante os nossos próprios olhos. Decidir organizar os capítulos da nossa existência, decidir pontuar parágrafos, recorrer a vírgulas e pôr pontos finais, é o livre-arbítrio na nossa história que, como bem lembrou Victor Frankl, nos pode salvar (e este neuropsiquiatra austríaco, formado pelo Holocausto, sabia empiricamente do que nos lembrava). Em resumo, porventura o sentido da vida não será muito diferente da sintaxe numa frase, quanto mais coerente é, mais sentido tem.
Estes são os quatro pilares para viver uma vida com sentido inventariados por Emily Esfahani. Admito existirem mais nos quais possamos apoiar a carga que, por vezes, é viver e encontrar sentido onde, quer queiramos, quer não, simplesmente não existe. Nesta etapa da minha vida, em pleno século XXI na qual os extremos exterminam a moderação, tento cultivar um elemento que custa a germinar, no entanto, através da insistência, da rotina, acredito ser uma filosofia de vida.
5º Elemento: “Amabilidade”
Fernando Assis Pacheco dizia «Faz-te conhecer pelos gestos de todos os dias; mesmo os gestos neutros, mesmo os inúteis». A amabilidade é um deles, mas na sua aparente inutilidade tem um super-poder que não pertence a nenhuma personagem da banda desenhada comprada pela Disney e está ao alcance de qualquer um de nós: tem o poder de não piorar o mundo. Tenho fé nesta fórmula, já que é tão complicado melhorá-lo, simplesmente não o deixemos pior, e a amabilidade, nem que seja por segundos, aligeira qualquer existência. Se da amabilidade formos capazes de dar o salto para a generosidade (caridade não, essa palavra carece de altruísmo!) intuo que o futuro terá mais qualidades dignas do ser humano do que o presente.
Os Cinco Elementos
Estes são os cinco elementos que considero ferramentas fundamentais para cultivar uma vida com sentido. Não são messiânicos nem panaceia para solucionar os problemas do mundo. Se alguém tem razão, apesar do contributo inestimável de tantos como Jesus Cristo ou Buda (não menciono Maomé porque não conheço suficientemente o Corão e tenho as minhas dúvidas), é Ghandi ao diagnosticar que “os problemas do mundo solucionar-se-ão no dia em que cada um de nós limpar a sua própria retrete”. (Confesso, neste momento estou a pensar em Donald Trump, agachado a esfregar a sua sanita de ouro maciço).
A vida continua “a salto de mata”...
Depois de ter merecido, ou roubado, o vosso tempo, é impossível negar que sou alguém que se vai encontrando nos outros, na família, nos amigos, na comunidade, mas igualmente no silêncio, na arte, na própria parvoíce, e que sente como suas as palavras de Antonio Machado. Sim, “há nas minhas veias gotas de sangue jacobino, mas o meu verso brota de nascentes serenas, e, mais do que um homem ciente de saber a sua doutrina”, tento ser, tento ser, “no bom sentido da palavra, bom”.
quarta-feira, novembro 23, 2022
Un día raro...
segunda-feira, novembro 21, 2022
Conversas à volta de... «Luis Leal: alguém a tentar cultivar uma vida com sentido», 25 de novembro, 18h, Associação de Solidariedade Social dos Professores - ASSP, Évora)
domingo, novembro 20, 2022
Um sonho antes de dormir...
sexta-feira, novembro 18, 2022
Divagações de oficina...
quinta-feira, novembro 17, 2022
X preguntas...
segunda-feira, novembro 14, 2022
"No tengas miedo a perder"
quarta-feira, novembro 09, 2022
El acento...
El robo...
terça-feira, novembro 08, 2022
Quase sempre.../Casi siempre...
segunda-feira, novembro 07, 2022
¿Papi, sabes lo que es una greguería?
domingo, novembro 06, 2022
quarta-feira, novembro 02, 2022
Falar da mãe...
terça-feira, novembro 01, 2022
Na oficina do avô (1/XI/2022)
domingo, outubro 30, 2022
Os bebés Amazon...
sexta-feira, outubro 28, 2022
Segundo o meu punho e letra (e o arquivo tutelado pela minha irmã) esta foi a primeira carta que escrevi.
quinta-feira, outubro 27, 2022
Con Joaquín Araújo (27/X/2022)
quarta-feira, outubro 26, 2022
domingo, outubro 23, 2022
A nossa oficina.../Nuestro taller...
Fraco consolo encontrar a meia perdida.../Pobre consuelo es encontrar el calcetín perdido...
sexta-feira, outubro 14, 2022
sábado, outubro 01, 2022
Pedro Martín entrevista a Luis Leal - "Una Consciencia poética del Budô", in "Shibumi", nº28, agosto, 2022, pp. 6-19 (arte fotográfico de Juanma Zarzo)
Este diálogo com o Pedro Martín na revista “Shibumi” nº28 já tem um par de meses, mas acho que não mudei muito... Apesar da entrevista estar subordinada à minha “consciência poética do Budo”, na essência a nossa conversa é sobre a vida. Se quiserem dialogar connosco dêem uma vista de olhos, será uma honra contar com a vossa companhia.
Este diálogo con Pedro Martín en la revista “Shibumi” nº28 tiene ya un par de meses, pero no creo que yo haya cambiado mucho... A pesar de que la entrevista versa sobre mi “conciencia poética del Budô”, en esencia, nuestra conversación es sobre la vida. Si queréis dialogar con nosotros, echadle un vistazo, será un honor contar con vuestra compañía.