terça-feira, janeiro 31, 2017
Voltar a onde pensamos que pouco vamos voltar
A memória é uma ficção - Manuel António Pina
«De qualquer modo, a memória é uma ficção e o passado uma espécie de sonho que nos sonha tanto quanto o sonhamos nós.» in "Os papéis de K.", p.75
domingo, janeiro 29, 2017
Rádios resintonizados com o prazer duma rotina
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sábado, janeiro 28, 2017
Valsa Brasileira (Zé Nogueira e Nelson Faria )
sexta-feira, janeiro 27, 2017
De "Detergente" - Ruy Ventura
"Uma bebedeira não precisa de metáforas. Overdose e falta de equilíbrio sujam o ritmo, as palavras, o olhar. (...) Não bebo deste vinho. Não me encontro no lixo, embora tenha os pés enterrados no monturo." in "Detergente" de Ruy Ventura.
Caminhamos com os pés embarrados mas, com este "Detergente", há fé de que se converta em húmus...
Foto de Nuno Matos Duarte.
quinta-feira, janeiro 26, 2017
Nota do meu pai para mim e minha para os meus filhos:
Lembra-te que o não está garantido, mas o sim ainda se pode conquistar.
segunda-feira, janeiro 23, 2017
The Spur (W.B. Yeats)
You think it horrible that lust and rage
Sould dance attention upon my old age;
They were not such a plague when I was young;
What else have I to spur me into song?
W. B. Yeats
domingo, janeiro 22, 2017
Raízes
sábado, janeiro 21, 2017
Tordesillas
sexta-feira, janeiro 20, 2017
Valladolid, 20/I/2017
quarta-feira, janeiro 18, 2017
terça-feira, janeiro 17, 2017
"Todos os bons e firmes são alegres" - Ernest Hemigway (trad. Monteiro Lobato)
segunda-feira, janeiro 16, 2017
A bondade é o melhor detergente..
domingo, janeiro 15, 2017
Castelo de viae - Ángel Campos Pámpano
Não fica longe
de casa a fronteira:
esse silêncio
da luz entre castanheiros
que te aproximam da infância.
Só procuras
o amparo inocente
e mineral
duma terra estendida
que não te reconhece.
Tarda em chegar
a palavra que diz
o equilíbrio
deste céu azul
como nenhum, fundo.
sábado, janeiro 14, 2017
sexta-feira, janeiro 13, 2017
O frustrado e o poeta
O frustrado encontra na palavra que o define um silêncio que nunca será susurro, muito menos voz. Justifica-se com a queixa e chora a versos derramados a metro.
O frustrado vê-se vate aos olhos do lamento. As trevas da escrita ocultam-lhe, em noites brancas, o sol do dia. A melanina não conhece tez diferente que a da proteção do abrigo, do casaco, da rede de literato.
O frustrado é-o por condição de decisão pessoal. O poeta não. É-o porque teve de ser e nunca saberá totalmente reconhecer-se uma única palavra.
quarta-feira, janeiro 11, 2017
Mais um pum!
O AR (O VENTO )
Estou vivo, mas não tenho corpo
Por isso é que eu não tenho forma
Peso eu também não tenho
Não tenho cor
Quando sou fraco
Me chamo brisa
E se assobio
Isso é comum
Quando sou forte
Me chamo vento
Quando sou cheiro
Me chamo pum!
Boca Livre
Manuel António Pina a propósito dum mundo de escritores...
«É um mundo de intrigas. Vive muito dessa coisa da posteridade. Valoriza coisas ridículas: se aquele tipo teve mais linhas de crítica do que eu. É muito triste, o mundo dos escritores. É igual ao dos músicos, ao dos professores, ao dos jornalistas.». in "Dito em voz alta - entrevistas sobre literatura, isto é, sobre tudo", p.210.
terça-feira, janeiro 10, 2017
"Oh, João! Foste tu, porcalhão?" de David Roberts
O que é um bom publicitário?
O que é um bom publicitário? Um poeta que se passou para o lado negro da força da palavra.
Mas os poetas, como bem mo recorda outro poeta, apesar das suas almas viverem do ar, o corpo e a família necessitam de pão em cima da mesa.
segunda-feira, janeiro 09, 2017
Excerto de “Da Ibéria e do Iberismo” de Fernando Pessoa
sábado, janeiro 07, 2017
Um homem assume-se até ao fim
Morreu o Mário Soares. O Presidente da República da minha infância e o político pelo qual nunca nutri grande simpatia. Quando comecei a interessar-me por história, abordei através do estudo e do testemunho a sua figura fundamental para a democracia em Portugal e para a cultura portuguesa do século XX. Atrevo-me a pensar que também para a Europa e para o seu sonho (talvez impossível) europeu...
O homem e político assumiu-se até ao fim. Um dos últimos políticos por vocação e consciência antes da leva assumida de tecnocratas. Mesmo sem simpatizar com uma pessoa deste tipo, a política actual necessita da convicção humana e ideológica de homens como Mário Soares.
Se existe um além, desejo-lhe a companhia de Álvaro Cunhal e do Sá Carneiro... todos eles melhores exemplos do homem político que os nossos representantes mais preocupados com a militância do que a constância ideológica.
O céu... (por Jiro Taniguchi) in «Barrio Lejano»
O céu é tão alto...
mas, ao olhar as nuvens, quase parece poder tocá-las com a mão...
O céu é tão misterioso...
Parece imutável, como se estivesse mais além do tempo.
Talvez a eternidade seja simplesmente isso, o céu...
(trad. Luis Leal)
Dia de Reis (06/I/2017)
Findou o dia de Reis. Passámo-lo em Évora com os meus pais. Não sei se já alguma vez o escrevi, mas só me apeteceu abraçar a cidade. Abraçar cada recanto, apertar contra o peito, envolver-me nos braços de quem me criou.
Em Évora só me apetece falar mesmo sem fazê-lo. Desabafar a minha insegurança, libertar tudo o que trago oprimido pelo tempo, agarrar-me a essa pequena medida de paz da minha meninice feliz num bairro cada vez mais longinquo.
Preciso desta cidade, deste toque humano, preciso de adormecer nela e ir lá a cima a pé e voltar ao bairro carregado de luz e histórias. Acordo nela, mas não sei se em mim...
Digo tantas vezes «filho, foi aqui que nasci». Chamam-lhe «cidade museu». Ele parece entender o que é nascer, viveu o nascimento do irmão, mas não entende o que é nascer ali. Não tem porque entender.
Voltámos a casa. Voltámos a ser em espanhol, a sentir o abraço da sua mamã, que nos esperava como rainha no meio dos seus principezinhos.
O meu corpo já não tem uma só morada, uma única cidade, porém a alma é de Évora...
Paco Ibáñez - El lobito bueno
EL LOBITO BUENO
Érase una vez
un lobito bueno
al que maltrataban
todos los corderos.
Y había también
un príncipe malo,
una bruja hermosa
y un pirata honrado.
Todas estas cosas
había una vez.
Cuando yo soñaba
un mundo al revés.
sexta-feira, janeiro 06, 2017
Emmanuele
Reconheço a beleza da composição como também as horas adolescentes de contemplação. Hoje um amigo recordou-me o porquê do erotismo subliminar de nos sentarmos num cadeirão de verga. Sylvia Kristel está no além, bem sentada, neste trono de memória, de fronteira entre o eros e o materialismo sexual explícito...
quarta-feira, janeiro 04, 2017
Noite delinquente , 8/I/2017
O ambiente do local onde vivo é calmo, mas o ano novo trouxe violência e ameaças de morte a uns vizinhos da urbanização. Vizinhos esses que não me inspiram confiança e com os quais apenas intercambiamos os bons dias.
A cena foi representada para todos os vizinhos bem próximo da meia-noite. Meteu gritos, insultos, pontapés às portas, litronas partidas, polícia e gente assustada por delinquentes que me fizeram as suprarenais trabalhar mais do que é normal.
Tendo em conta de que falamos do terceiro dia do ano, o microcosmos do meu bairro não começou com o pé direito. O mundo também não.
Deitei-me preocupado com o crescimento das duas crianças, que não acordaram por um triz, deitadas no quarto ao lado. Não as consigo proteger do mundo real. Oiço-as com o sono perturbado, com laivos de pesadelos. Vou tentar dormir para amanhã poder acompanhá-las. É a única coisa que posso controlar, o querer estar com eles.
Ao contrário destes vizinhos com relacionamentos problemáticos, um pai que ama os filhos, mesmo carregado de inperfeições, não pode ser uma má companhia... não pode...
O ÚLTIMO OLHAR NO INSTANTE DE PERIGO - Jorge Riechmann (Trad. Luis Leal)
terça-feira, janeiro 03, 2017
So long, John!
ON YOUR ISLAND
On your island
does the night fall later?
Am i walking a little ahead of you
so that no snake will bite
your sandalled foot?
The balance is never made
This is why the stars are silent
offering no account.
How to measure
a season
against
the calender of your absence?
How to measure
the stream
of my tangled light
in the mountain
of what has been
and will be?
The balance is never made.
Yet in the night your eyes and mine
sounding one another
show no trace of vertigo.
John Berger
"Morreu John Berger, um artista (e um espectador) total" (Público)
John Berger na Wikipédia (português) e na Wikipedia (english)