sexta-feira, dezembro 29, 2006

Eu sei de onde vimos só não sei para onde vamos





"Os seres humanos são computadores bioquímicos complexos. Não é tudo o que são, mas é a sua especificação mínima irredutível. São compostos por moléculas helicoidais auto-reprodutíveis de ADN, compostas por átomos de carbono, azoto, fósforo e oxigénio. Não sabemos ao certo como tais estruturas moleculares surgiram na Terra. É possível que tivessesm sido geradas inicialmente pelas interações e mutações aleatórias durante a história inicial da Terra. (...). Mas qual é a origem do carbono, azoto, fósforo e oxigénio que compõe as moléculas de ADN da vida? Disto estamos muito incertos: encontram-se nas estrelas.



Os elementos atómicos mais pesados do que o hidrogénio e o hélio não podem ter sido produzidos no inferno do big bang. O universo expande-se e arrefece-se de uma forma demasiado rápida para que os núcleos mais pesados sejam sintetizados por reacções nucleares. O reactor nuclear natural a que chamamos big bang desaparece após a expansão do universo durante cerca de três minutos, mas neste curto espaço de tempo transforma 25% da massa do universo em hélio, deixando quase 75% com hidrogénio. Digo "quase" porque a fusão nuclear do hidrogénio em hélio deixa ligeiros vestígios de deutério, lítio e o isótopo hélio-3 em abundância relativas de 1/1000%, 1/100 000 000% e 1/1000% por massa, respectivamente. Estas abundâncias previstas correspondem exactamente às fracções medidas no universo actualmente. Esta descoberta notável é um dos fundamentos da teoria cosmológica do big bang.
Aprendemos que o fenómeno complexo a que chamamos "vida" é construído a partir de elementos que são mais pesados e complexos do que o hidrogénio e o hélio que surgem do big bang. (...).




Quando as estrelas esgotam os seus recursos de combustível nuclear, implodem e expulsam as camadas exteriores para o espaço. Esta morte violenta, que testemunhamos nas supernovas, serve para dispersar os elementos biológicos através do espaço, onde serão incorporados em planetas, asteróides e outras formas de lixo interstelar. Finalmente encontrarão o caminho até aos nossos corpos. Somos as cinzas das estrelas."



In, BARROW, John, "The world inside the world".

1 comentário:

Anónimo disse...

bastante interessante... faz-me lembrar a leitura que fiz do "Cosmos", desse grande cientista e comunicador, Carl Sagan... Obrigado pela sugestão! Aquele abraço.
Luís Pinto