Com uma tradução, de uma canção de Joan Manuel Serrat,
sinto em português aquilo que não fui capaz de escrever. Os meus loucos
baixinhos…
Esses loucos baixinhos (Joan Manuel Serrat)
Com frequência os filhos parecem-se connosco
e assim nos dão a primeira satisfação;
esses que se mexem com os nossos gestos,
agarrando-se a tudo quanto há ao seu redor.
Esses loucos baixinhos que se erguem
com os olhos abertos de par em par,
sem respeito por horários nem por costumes
e aos que, por seu bem, (dizem) há que domesticar.
Menino,
deixa já de chatear-me com a bola.
Menino,
que isso não se diz,
que isso não se faz,
que isso não se toca.
Carregam com os nossos deuses e o nosso idioma,
com os nossos rancores e o nosso porvir.
Por isso nos parece que são borracha
e que lhes bastam os nossos contos
para dormir.
Empenhamo-nos em orientar as suas vidas
Sem saber o ofício e sem vocação.
Vamos-lhes transmitindo as nossas frustrações
com o leite morno
e em cada canção.
Nada nem ninguém pode impedir que sofram,
que os ponteiros avancem no relógio,
que decidam por eles, que se enganem,
que cresçam e que um dia
nos digam adeus.
[trad. Luis Leal]
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