quinta-feira, janeiro 20, 2022

Orgulhoso e aparvalhado...

Sinto-me orgulhoso e ao mesmo tempo aparvalhado, pois tendo a refletir a minha matriz católica de enfrentar as coisas boas como se não as merecesse, até mesmo episódios irrisórios como este. E não é que um autor de referência espanhol (para mim e para o mundo literário ibérico), ao autografar-me um exemplar da sua obra, e depois de lhe dizer o meu nome, me pergunta se eu sou poeta!?
Notei que "Luis Leal" lhe era familiar, quero pensar porque é uma aliteração bonita, nobre de intenções (tive de chegar a adulto para gostar e herdar de verdade o meu nome), ou talvez porque a confundiu com o finado académico mexicano meu homónimo. Creio que era mesmo o meu nome que lhe "sonaba" e não vivessemos nós a realidade das redes sociais onde ambos somos "amigos", mas onde seguramente sou eu quem o "segue" e não o contrário.
Apetecia-me ter falado mais com ele. Temos em comum origens sociais semelhantes e ambos vimos parte das nossas vidas dedicadas à docência e à necessidade da escrita, mas para além de uma pergunta sobre a "alma dos carros" do nosso passado (um pouco para aligeirar o peso do poema final que leu sem vontade), no turno de dar a palavra à assistência, apenas lhe respondi que escrevia umas coisas e que me parecia uma arrogância da minha parte considerar-me um poeta. As ganas de dialogar com ele ficaram ocultas debaixo das máscaras que, literalmente, trazemos estes dias. Dei-lhe os parabéns e reiterei-lhe o quanto aprecio a sua obra. Voltei para casa com um "abraço" escrito e uma assinatura a atestar que um artista me reconhecia como artista. Senti-me alguém quando, e não é que sou estúpido, sempre fui e serei alguém. Bastou-me entrar e dizerem-me que ainda havia um banho para dar ao bebé e que tinha de ver o novo "Space Jam" com os outros dois.

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