domingo, fevereiro 17, 2013

Haikus que o tempo olvidou (Enishi Yutui)


“As águas sorriem
despem-me as chamas
e a solidão da estepe toca-me os cabelos."

"Fulgurosa solitária companhia
Noites brancas de tertúlias
Completam a vida de quem a vazia tem."

"A flor de cerejeira cai.
Na neve também perecem
Camélias, doces, poéticas damas."

"Observo a montanha.
O nevoeiro encobre propositadamente
toda a sua divina magnitude".
 


Haikus escritos e vividos por Enishi Yutui aquando da sua passagem pela estepe mongol, durante o conflito que opôs o Japão à Rússia no início do século XX.
O autor morreu no pacífico, a bordo do couraçado da marinha de guerra japonesa “Yamato”. Foi oficial e correspondente de um jornal em Tóquio. Conheceu Corto Maltese, Jack Tippit e Rasputin. Morreu com pena de não os reencontrar e sem nunca publicar nada.
A sua filha doou o seu espólio a um templo Shintoísta depois da guerra. O noviço Oburu gravou alguns dos seus poemas nas paredes do templo. Ainda hoje podem ser vistos por aqueles a quem não passarem despercebidos.


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