A UM DEUS SURDO
Ó quem me dera ter outra vez vint’anos
navegar no ignoto sem portulanos
o peito feito para os da vida enganos
era sensacional ó hermanos
quem dera o brandy com castelo
o dedo ao arrepio do pêlo
o romanticismo do desvelo
e tudo isto fingindo um grande anelo
quem dera agora uma vez mais
o rápido de Irún no cais
a solicitude quente dos pais
ai eu tirando de ouvido muitos ais
ó quem dera e outra vez viera e dera
a ruminante paciência que há na espera
o mistério lento da Primavera
o emblema desenhado pela namorada: uma hera
Na IV Bienal de Poesia de Silves, em Abril de 2010, o Simão lê pela
primeira vez um poema do avô, Fernando Assis Pacheco, homenageado na
Bienal. A seu lado, o escritor Luis Serrano, a quem coube a conferência
sobre a obra do poeta, ficcionista e jornalista.
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