domingo, abril 14, 2024

14/IV/2024

Quando se cresce num ambiente onde existe a superstição, é difícil escaparmos ilesos e, quando escapamos, não queremos que os nossos descendentes sejam expostos a tal atmosfera. Hoje, tão distante dos primeiros anos da minha vida, abriram um pouco a porta desse quarto escuro, dessas trevas impostas por outrem, que, há anos, fechei com as chaves da lógica e da razão. A tempo, voltei a empurrá-la com experiência, mantendo o pulso firme. De dentro nada saiu, contudo vislumbrei uma sombra dum passado que ainda não compreendo e não quero compreender. Apenas o quero fechado, porque compreendi que não vale a pena procurar compreensão.
Os meus filhos não saberão por mim o porquê de qualquer superstição, os resíduos existentes foram renegados para o plano do ritual, quase sempre em forma de homenagem à memória dos que já cá não estão. Esforço-me por que assim seja, tal como me esforço para que saibam acender dentro de si mesmo uma qualquer luz num quarto porque alguém lhes pode desejar que seja bem escuro...

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